As conversas no celular do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) mostram que o plano para desencadear um golpe de estado é apenas parte da trama envolvendo militares de alta cúpula que incitaram um remake de 1964, com a imposição de nova Ditadura no país.
No entanto, nas conversas de Cid com o coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército que garantiria a adesão da cúpula ao golpe, a esperança de reeditar uma Ditadura Militar no país vai dando lugar à revolta diante da covardia de Bolsonaro, a quem caberia dar a ordem para que o plano fosse desencadeado.
Em troca de mensagens no dia 21 de dezembro, revelada nesta sexta-feira (16) por Robson Bonin na Veja, Lawand revela sua “decepção” a Mauro Cid após saber que Bolsonaro não daria a ordem para os militares assumirem o poder e decretar o novo golpe.
“Na escuta? Soube agora que não vai sair nada. Decepção, irmão. Entregamos o país aos bandidos”, diz Lawand a Cid, que responde: “infelizmente”.
O coronel então regurgita sua revolta diante da covardia de Bolsonaro. “Peça, por favor, para avisarem ao povo que esta há 52 dias cagando em banheiro químico, dormindo mal e pegando chuva. Ele merece saber a verdade. Que Deus se apiede dessa Nação”, surta o militar.
Em seguida, Cid diz que “Gen Heleno esteve aqui…”. Lawand, então, comemora, deixando um mistério no ar: “Cumpriu o que falou que faria”.
Dois dias antes, Heleno esteve no Palácio da Alvorada em visita a Bolsonaro. Ao deixar o local, foi indagado por golpistas que estavam na região se o “bandido” subiria a rampa e foi enfátic: “não”.