1794 – Danton, Desmoulins e d’Églantine são mortos na guilhotina

Convenção, eleita em setembro de 1792 por sufrágio universal, tinha dois objetivos: vencer a guerra contra os austríacos e redigir uma constituição republicana

Georges Danton, Camille Desmoulins e Fabre d’Églantine são presos, julgados e guilhotinados em 5 de abril de 1794, na França. Maximilien Robespierre e Louis Antoine Saint Just, que dominavam a Convenção Nacional, decidiram eliminar os “indulgentes” do poder.

Em 10 de março de 1793 a Convenção cria o Tribunal Revolucionário, dando início ao período chamado de Terror. As sentenças, após breve julgamento, costumavam ser radicais: absolvição ou guilhotina. A finalidade deste tribunal era a de “lutar contra toda iniciativa contra-revolucionária, todo atentado contra a liberdade, todo complô dos monarquistas”. Dizia então Danton: “Sejamos terríveis para dispensar o povo de o ser.” O Tribunal Revolucionário funcionou até 31 de maio de 1795, quando foi definitivamente suprimido.

A Convenção, eleita em setembro de 1792 por sufrágio universal, tinha dois objetivos: vencer a guerra contra os austríacos e redigir uma constituição republicana. Os assentos no interior da Convenção eram assim distribuídos: esquerda, centro e direita. Os assentos da esquerda eram ocupados pelos jacobinos. Os do centro, pelos membros que oscilavam entre reformas drásticas e conservadoras – também chamado de “planície” devido ao espaço físico que ocupavam. À direita se sentavam os girondinos. A convenção era composta por 749 membros: 200 jacobinos, 389 da planície e 160 girondinos.

Os jacobinos representavam os setores mais pobres da sociedade francesa – os “sans-culottes” – e parte da classe média. De início favoráveis à monarquia constitucional, com a fuga do rei passaram a defender ardorosamente a república. Dos 200 deputados jacobinos, 120 sempre se sentavam na extremidade esquerda do salão e nos lugares mais altos, por isso ficaram conhecidos como montagnards, ou montanheses. Entre os montanheses se destacavam Robespierre, Danton, Marat, Desmoulins e o pintor David.

Os girondinos inicialmente representavam a esquerda política, mas perderam espaço para os jacobinos e passaram a defender, teoricamente, a direita mais conservadora. Representavam a alta burguesia e seus principais representantes na convenção eram Jacques-Pierre Brissot, Pierre Vergniaud, Condorcet e o Ministro Roland.

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Convenção, eleita em setembro de 1792 por sufrágio universal, tinha dois objetivos: vencer a guerra contra os austríacos e redigir uma constituição republicana

Já em 25 de setembro ocorreram às primeiras divergências. Os girondinos e a planície defenderam a idéia de que os 24 representantes da cidade de Paris contassem apenas um oitenta e três avos, alegando equilibrar com isso a representação dos departamentos do país. Danton os acusou de tentar destruir a unidade e a soberania nacional, pedindo a pena de morte para quem ousasse propor tal medida. No mesmo dia, a república francesa é declarada “una e indivisível”.

O confronto entre jacobinos e girondinos se acirrava. Os girondinos queriam uma república com forte proteção à propriedade privada; os jacobinos, que visavam o interesse do povo, queriam limites à propriedade privada. Robespierre atacou: “Todas as pessoas ambiciosas que surgiram ate agora no teatro da Revolução tiveram isso em comum: defenderam os direitos do povo somente enquanto lhes convinha e todas elas viam o povo como um rebanho estúpido, destinado a ser conduzido pelo mais apto ou mais forte.”

A Convenção vota então um decreto proposto por Saint Just, segundo o qual “o governo da França será revolucionário até a conquista da paz”. Acusado de corrupção e laxismo, o Conselho Executivo (o governo) é posto sob estrita vigilância da Convenção segundo o princípio revolucionário “é impossível que as leis revolucionárias sejam executadas se o próprio governo não é constituído revolucionariamente.”

Danton começou a discordar de Robespierre achando que sua política do uso do Terror deveria ter fim. Ainda no final de 1793, Camille Desmoulins dava início no seu jornal Le Vieux Cordelier, uma campanha pela indulgência – os indulgentes eram os deputados da convenção que se opunham ao Terror. Foi quando Danton proclamou a famosa frase: “Vou destruir aquela maldita guilhotina ou tombarei diante dela.”

A situação do país teve uma melhora em 1794, já que não faltava comida e o exército estava mais forte. Danton julgava que o Terror já havia conseguido atingir os seus objetivos e organizou um grupo para debater o fim do Terror. Robespierre passou a ver na reunião uma conspiração contra-revolucionária e os denunciou na convenção, com a ajuda de seu amigo Saint Just.

Julgamento

Danton, Desmoulins e d’Églatine, o criador do calendário da Revolução, são presos e enviados ao Tribunal Revolucionário. O julgamento aconteceu no dia 4 de abril. Foram condenados a morte e, na prisão, preparados para a “navalha nacional”. Danton exclamou então: “Minha única tristeza é que vou antes de Robespierre”.

No dia seguinte, 5 de abril, pouco depois das 9h, os portões da prisão da Conciergerie são abertos para a passagem das carroças que levaram os condenados ate o patíbulo. Danton se manteve firme e mesmo diante da guilhotina, não se abalou. Desmoulins chorava e entregou ao carrasco uma mecha de seu cabelo para que ele enviasse a esposa como lembrança. d’Églantine permaneceu o tempo todo impassível.

Pouco demorou para a queda de Robespierre. No dia 26 de julho, numa sessão tumultuada da Convenção, ele foi ferido e teve que sair da sala às pressas. Foi detido imediatamente por seus inimigos e, dois dias depois, mandado à guilhotina. Às 4 horas de uma segunda-feira, 28 de julho (10 Termidor) a carreta levando Robespierre e Saint-Just percorreu o trajeto até a praça da Revolução (hoje place de la Nation). Milhares de parisienses lotaram as ruas, janelas e telhados por onde passaria o cortejo para imprecá-lo e aplaudi-los.

O período logo após a morte de Robespierre ficou conhecido como Termidoriano. Em 19 de novembro (29 Brumário) o clube dos Jacobinos é fechado. Termina a fase mais radical da revolução francesa. Após a eliminação dos Jacobinos, a alta burguesia retorna plenamente ao poder.

*Com informações do site história virtual

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