1932 – Rebelião dá início a golpe de Estado no Chile

Manifestações marcaram período turbulento da história do país sul-americano

O golpe de Estado de 1932 no Chile foi, com efeito, uma rebelião que teve início em 4 de junho daquele ano, com o objetivo de derrocar o presidente Juan Esteban Montero. É instaurada a República Socialista do Chile. Pouco depois, em 13 de setembro, ocorre a queda de Carlos Dávila, um contragolpe de Estado.

Depois de vários anos concentrando o poder, o presidente Carlos Ibañez renuncia. Assume o poder Esteban Montero, na qualidade de vice-presidente. O país se estabiliza politicamente e a popularidade de Montero atinge o auge às vésperas das eleições de 1931.

A popularidade do governo entrou em parafuso com a crise econômica que assolava o país. O descontentamento com um governo passivo fez com que muitos setores da sociedade quisessem formar grupos com o único fim de terminar o governo Montero.

Juan Esteban Montero caiu no ano de 1932 (Imagem: Wikimedia Commons)

Juan Esteban Montero caiu no ano de 1932

O governo não prestava importância a esses grupos já que, como eram anos difíceis, os rumores de sublevações, revoluções e golpes eram constantes. Desta vez porém era mais preocupante, visto que o governo tinha escasso apoio militar. Em seguida à queda de Montero, os revolucionários proclamam uma República socialista, que não conseguiu grandes resultados. Muitos se afastam e Dávila fica isolado. Vendo que seu governo corria perigo, Dávila renuncia deixando o poder em mãos de Bartolomé Blanche.

Um grupo de socialistas e partidários de Ibañez se aquartela na Base Aérea El Bosque com o fim de instaurar uma nova república. O presidente Montero toma medidas para garantir sua permanência em La Moneda até 1937. Nomeia Ramon Vergara como chefe da Força Aérea, porém sua autoridade foi desobedecida. Já na madrugada convocou uma reunião de líderes políticos ainda fieis a ele. Embora não houvesse maiores manifestações no país, os partidários de Montero deram início a protestos que deixaram um saldo de 3 mortos e mais de 50 feridos.

Os rebeldes, encabeçados por Carlos Dávila, Arturo Puga, Eugênio Matte e Marmaduke Grove, derrocam Montero no amanhecer de 4 de junho de 1932. O presidente deposto deixa o palácio com seus ministros e caoticamente anuncia em entrevista sua renúncia. Dirige-se ao aeroporto e se exila na Argentina.

Em todo o processo não houve resistência, uma vez que sabidamente o governo não dispunha de suficiente apoio, nem político nem militar. Montero havia sido eleito com 64% dos votos, contudo, com o correr do tempo, os militares revoltosos preferiram unir-se à esquerda.

Em seguida, é proclamada a República Socialista do Chile, com medidas sociais, porém com problemas internos.

Dávila passa a ter sérias divergências internas, enviando correligionários ao exílio, dissolvendo em pouco tempo a república socialista. Após a dissolução da junta, passaram a correr rumores que Dávila apenas ganhava tempo para instaurar no governo novamente a Carlos Ibañez, já que era um fervoroso seguidor do ex-governante. Em junho, Ibañez regressa ao Chile, visita Dávila, mas tem de regressar ao exílio por encontrar pouco apoio.

Dávila se autoproclama presidente provisório, porém não era apoiado por quase ninguém. Em 13 de setembro, após 100 dias de governo, o comodoro  Arturo Benítez tenta sublevar-se contra Dávila. Tem forte apoio mas é detido em Ovalle. Dávila avalia a situação e resolve renunciar, exilando-se nos Estados Unidos, deixando o cargo de presidente provisório ao seu ministro do Interior, general Bartolomé Blanche.

Importantes divisões do Exército, apoiadas pela cidadania, exigem o imediato retorno à normalidade institucional. Normalizada a situação política, os militares deveriam voltar aos quarteis e reassumir suas atividades profissionais.

O general Blanche, vendo que não tinha apoio político, social, econômico nem militar, decide renunciar, entregando o poder ao presidente da Corte Suprema, Abraham Oyanedel, que convoca eleições em que triunfa Arturo Alessandri, dando fim a esse estranho e efêmero período da história chilena, em que se sucederam golpes de Estado, conspirações palacianas, traições e uma transitória república socialista.

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