1935: Adolf Hitler promulga primeiras leis de perseguição aos judeus

Medidas antissemitas retiraram o direito à cidadania alemã, a se casar ou a frequentar residência de arianos

Em 15 de setembro de 1935, durante o congresso do Partido Nazista em Nurembergue, Hitler promulga suas primeiras leis anti-semitas. Priva os judeus da cidadania alemã, reduzindo-os a meros sujeitos do Estado, e os proíbe de casar-se ou de frequentar os arianos. Trinta meses depois da chegada ao poder dos nazistas, essas leis inauguram um processo de exclusão que em maré montante iria desembocar na “solução final”.

Após a ascensão de Hitler à chefia do Estado e do governo da Alemanha, empreendeu a tarefa de transformar seu país de adoção – Hitler teve de mexer alguns pauzinhos para poder ser eleito a altos cargos, visto que era austríaco de nascimento – na nação por ele sonhada e imaginada em seu livro autobiográfico “Mein Kampf” (Minha Luta). Contudo, esse sonho logo passou a ser um verdadeiro pesadelo para muitos. Logo no começo de seu reinado do “Reich de Mil Anos”, as vidas dos cidadãos alemães não judeus foram pouco afetadas, com exceção de seus inimigos ideológicos e políticos, os comunistas, principalmente, mas também os socialistas e os liberais.

Entretanto, a ideologia racista de Hitler, que elevava os “puros-sangues” arianos à condição de “mestres do universo” e os demais à condição de “raça inferior”, começou a funcionar de maneira selvagem.

Já no primeiro ano do governo de Hitler, os judeus alemães foram excluídos de uma série de funções de alto nível, como funcionalismo público, jornalismo, rádio, teatro, cinema e docência universitária. Profissões ligadas ao direito e à medicina aos poucos foram sendo paulatinamente afetadas. Cartazes com a expressão “Judeus não são bem-vindos” podiam ser vistos nas vitrinas de lojas comerciais e nas portas dos hoteis, cervejarias e outros locais públicos. Com as Leis de Nurembergue, esses atos discriminatórios passaram a fazer parte da cultura por decreto tornando-os ainda mais abusivos, Os judeus foram proibidos de se casar com arianos ou manter relações extra-maritais com eles. Judeus não poderiam empregar mulheres arianas com menos de 35 anos de idade. Os judeus passaram até a ter dificuldade de comprar alimentos, como cereais, pães e as mercearias de laticínios não permitiam a entrada de clientes judeus. Até as farmácias se recusavam a vender-lhes medicamentos e outras drogas.

Efe


Portão principal de Auschwitz I, onde se lê a frase Arbeit macht frei (O trabalho liberta), um dos principais símbolos da perseguição

Como o desemprego havia caído verticalmente com a política econômica de focar na indústria pesada, na indústria de armamentos, na abertura de estradas e na agricultura e em decorrência o alemão médio renovou sua esperança de dias melhores e do tradicional orgulho germânico, a imagem da Alemanha parecia mais brilhante e o povo em paz consigo mesmo, as perseguições aos inimigos ideológicos e as medidas racistas passavam sem maiores resistências internas. Muitos visitantes estrangeiros que à época se opunham à política nazista e até determinados oponentes políticos que teoricamente deveriam se opor a essas práticas e leis racistas, se deixavam seduzir pensando que era uma fase que iria passar. E que Hitler, nas palavras do antigo primeiro-ministro britânico Lloyd George, era um “grande homem”.

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