1954 – Começa a aplicação da vacina contra a poliomielite

Praticamente eliminada na maior parte do mundo, pólio causava deterioração muscular, paralisia e até mesmo mortes

Em 23 de fevereiro de 1954, um grupo de crianças de uma escola na Pensilvânia, nos Estados Unidos, recebeu as primeiras injeções da nova vacina contra a poliomielite, desenvolvida pelo médico Jonas Salk.

Embora não tão devastadora quanto a peste negra ou a gripe espanhola, a poliomielite era uma enfermidade altamente contagiosa que emergia como um surto e parecia impossível de conter, em meados do século XX. Atacando as células nervosas e por vezes o sistema nervoso central, a pólio causava deterioração muscular, paralisia e mesmo a morte. Ainda que a medicina tivesse avançado enormemente durante a primeira metade do século nos países ocidentais, a poliomielite ainda assolava, afetando principalmente as crianças, mas também adultos. A mais famosa vítima de um surto ocorrido em 1921 nos EUA foi um político de 39 anos, Franklin Roosevelt, que viria a ser presidente. A doença avançou rapidamente levando suas pernas a uma paralisia permanente.

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Campanha de vacinação contra a poliomielite

No final dos anos 1940, a “March of Dimes” (Marcha dos Tostões), uma organização de pessoas simples do povo fundada com a ajuda do presidente Roosevelt para encontrar um meio de se defender contra a pólio, conseguiu envolver Jonas Salk, chefe do Laboratório de Pesquisa de Vírus da Universidade de Pittsburgh. Salk tinha chegado à conclusão de que a pólio tinha cerca de 125 variedades de 3 tipos básicos e que uma vacina eficaz deveria reunir condições de combater todas os três. Fazendo aumentar os vírus isolados da pólio para então desativá-los ou “matá-los” pela adição de um produto químico chamado formalin, Salk desenvolveu sua vacina, capaz de imunizar o paciente sem infectá-lo.

Após as inoculações em massa, que começaram em 1954, todos ficaram maravilhados com a alta taxa de sucesso – algo em torno de 60%-70% – até a vacina ter causado um súbito surto de cerca de 200 casos. Determinou-se posteriormente que os casos foram todos provocados por um lote defeituoso do medicamento. Os padrões de produção foram aperfeiçoados e em agosto de 1955, perto de 4 milhões de pessoas, a grande maioria de crianças, já haviam sido inoculadas. Os casos de poliomielite nos EUA caíram de 14.647 em 1955 a 5.894 em 1956. Em 1959, em torno de 90 outros países passaram a utilizar a vacina Salk.

Uma versão posterior de vacina contra a pólio, desenvolvida por Albert Sabin, empregou uma forma atenuada de vírus vivos. A vacina passou a ser aplicada via oral e não mais injetada. Foi licenciada e autorizada sua aplicação em 1962 e logo se tornou mais difundida que a vacina de Salk, por ser mais barata e mais fácil de vacinar em massa.

Ainda não existe cura para a poliomielite. Mas a utilização da vacina Sabin em vastas campanhas populares ao redor do mundo praticamente eliminou os casos de pólio nos países que a utilizam. Globalmente, são contabilizados cerca de 250 mil casos por ano, particularmente em países subdesenvolvidos.

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