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Foram entrevistadas 350 mulheres na capital pernambucana entre os dias 21 de junho e 11 de julho de 2024 (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil) |
O medo de sofrer assalto, sequestro, estupro ou importunação sexual acompanha 84% das mulheres recifenses que se deslocam pela cidade, seja por meio de transporte público, a pé ou até mesmo em veículo particular. O dado, divulgado nesta segunda-feira (16), faz parte de uma pesquisa desenvolvida pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber.
Foram entrevistadas 350 mulheres na capital pernambucana entre os dias 21 de junho e 11 de julho de 2024.
O estudo revela que, enquanto 66% das mulheres brasileiras declaram ter muito medo de sofrer assalto, furto ou sequestro relâmpago, entre as mulheres do Recife esse número sobe para 73%. A pesquisa também destaca que, na capital pernambucana, 72% das mulheres disseram ter muito medo de sofrer estupro, número superior à média nacional, que é de 66%.
Enquanto 58% das brasileiras afirmam ter muito medo de sofrer importunação ou assédio sexual, entre as moradoras do Recife esse número chega a 65%.
Além disso, 63% das mulheres no Recife já sofreram algum tipo de violência durante o deslocamento. Entre essas violências, foram reportados: estupro (37%), racismo (7%), agressão física (4%), discriminação por características físicas (14%), importunação sexual (17%), assalto, furto ou sequestro relâmpago (37%) e olhares insistentes ou contatos indesejados (34%).
Os dados revelam que a maioria dessas violências ocorreu enquanto as mulheres estavam em transporte público ou caminhando. Apenas 11% das mulheres avaliam as ruas do Recife como seguras, enquanto 20% se sentem seguras nas proximidades de suas residências.
As entrevistadas informaram que a falta de policiamento, iluminação inadequada e ruas vazias são os principais fatores que geram insegurança. De acordo com a pesquisa, a sensação de insegurança está relacionada à ausência de políticas públicas que poderiam tornar os deslocamentos mais seguros.
No Recife, os fatores que mais geram insegurança, segundo as mulheres, são: horário de deslocamento (25%), falhas no transporte público (43%), falta de empatia e solidariedade (38%), falta de respeito e agressividade das pessoas (40%), espaços públicos abandonados (43%), ruas desertas (49%), falta de iluminação pública (49%) e ausência de policiamento (59%).
Os dados também mostram que, no Recife, 61% das mulheres se deslocam de ônibus, 25% a pé, 21% de carro particular, 34% por transporte por aplicativo, 6% de motocicleta particular, 13% de motocicleta por aplicativo, 5% de bicicleta particular, 10% de metrô, 3% de táxi e 2% de trem.
Além disso, um levantamento feito pela Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) mostra que, entre janeiro e agosto de 2024, foram registrados 195 assaltos a ônibus no Recife e 164 na Região Metropolitana. No Estado, foram 359 casos.
Brasil
A pesquisa também apresentou um panorama nacional sobre a segurança das mulheres que se deslocam diariamente nas capitais do país.
Pelo menos 34% das entrevistadas afirmaram já ter sofrido racismo, 32% relataram ter enfrentado preconceito ou discriminação por características físicas, 36% já receberam olhares insistentes ou cantadas inconvenientes, 53% foram agredidas fisicamente, 58% sofreram importunação ou assédio sexual, 66% foram estupradas, 66% foram vítimas de assalto, furto ou sequestro relâmpago e 80% sentem muito medo de passar por alguma dessas situações durante seus deslocamentos.
No Brasil, 42% das mulheres se deslocam de ônibus, 41% a pé, 38% em carro particular, 30% por transporte por aplicativo, 11% de motocicleta particular, 10% de motocicleta por aplicativo, 10% de bicicleta particular, 8% de metrô, 5% de táxi e 4% de trem.