Especialistas apontam opções para quem perdeu emprego em 2015

Segundo o consultor em recursos humanos Celso Bazzola é comum que a crise provoque uma reflexão nos profissionais

Lucy Brandão Barreto

Em 2015, 945 mil pessoas perderam o emprego com carteira assinada no setor privado, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) realizada em novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o desemprego em alta, a preocupação com o futuro faz com que muita gente repense os caminhos a seguir no ano novo. Para os que ainda estão sem trabalho e precisam achar uma alternativa de continuar se mantendo, o momento é decisivo.

Segundo o consultor em recursos humanos Celso Bazzola é comum que a crise provoque uma reflexão nos profissionais. “Isso acontece não só quanto à mudança de carreira, mas sobre a possibilidade de uma ocupação paralela à atual. O profissional deve abrir seu campo de visão sobre todas as possibilidades”, afirma.

Janaína Lima investiu o dinheiro da rescisão em um negócio próprio
(Foto: Marina Silva/CORREIO)

Foi o que fez Janaína de Moura Lima, 27 anos, quando perdeu o emprego, há dois meses. “Trabalhava no ramo de construção civil, um dos mais afetados pela crise. Quando fui demitida, peguei todo o dinheiro da rescisão e abri um mercadinho dentro do meu condomínio”, conta a empreendedora que faz parte de um grupo que só cresce.

Ainda segundo o IBGE, o número de trabalhadores por conta própria aumentou 3,5% nos últimos 12 meses – um incremento de 760 mil pessoas que entraram para o grupo.

O que poderia ter sido um baque na vida de Janaína, virou oportunidade quando ela percebeu que seu condomínio fica a mais de 2 km do mercado mais próximo e os moradores de 16 blocos, cada um com 18 apartamentos, não tinham onde comprar itens de necessidade básica mais perto.

“Este foi o melhor setor para investir, já que as pessoas cortam tudo, mas ninguém para de comer”, indica Janaína, que registrou o negócio como Microempreendedora Individual (MEI). Ela espera ter o retorno dos R$ 8 mil que investiu nos próximos seis meses, prevendo uma margem de lucro de apenas 30% sobre o estoque e a necessidade de reposição constante de mercadorias.

“Acho que fiz a aposta certa. Agora estou mais feliz e, apesar de trabalhar cerca de 12 horas por dia, posso me dedicar mais a minha família e a minha filha de apenas 7 meses”, revela a mãe de Maria Sofia, que ainda desfruta do leite materno.

Para o presidente do Grupo Prepara, rede de cursos profissionalizantes, Rogério Gabriel, independente do caminho a seguir, é imprescindível se conhecer melhor e analisar suas habilidades. “Antes de fazer uma mudança de rota na vida profissional (seja trocar de função, profissão ou abrir o próprio negócio), descubra o que faz você feliz e prepare-se para as oportunidades que possam aparecer”, indica.

O sonho de ser o próprio chefe
Para quem acredita que 2016 seja o ano de montar sua própria empresa, a gerente adjunta da unidade do Sebrae em Salvador, Mariana Cruz, dá as dicas. “Todos podem ser empreendedores, mas para isso é necessário se preparar e só depois identificar uma oportunidade de sucesso”, indica.

A preparação deve ser acompanhada por especialistas que podem ajudar a planejar esta mudança. É o que recomenda o consultor em recursos humanos Celso Bazzola. “O ideal é procurar profissionais especializados, como o coach, que vai ajudar você a saber se tem o perfil empreendedor. Buscar orientações com o Sebrae e se qualificar também vão dar segurança na transição”.

De emprego novinho no ‘ano bom’
Aos que pretendem continuar no mesmo ramo e ir em busca de um novo trabalho, a consultora em Gestão de Pessoas Ana Lisboa aconselha analisar com calma as opções. “As pessoas tendem a aceitar a primeira proposta que aparece, já que têm contas para pagar e dificuldades financeiras. Mas este é um excelente momento para avaliar sua carreira e evitar repetir erros no novo caminho”, analisa Lisboa, que também é idealizadora do Movimento Acenda, um projeto que ensina a encontrar o emprego ideal, unindo trabalho, prazer e prosperidade.

Outra boa dica em tempos de crise é analisar a proposta de um novo emprego com bastante atenção. “Não observe apenas o salário, mas o ambiente, os benefícios e se a empresa tem plano de carreira. Mesmo que a proposta seja um salário menor, pode haver a possibilidade de retomar o crescimento”, sugere o consultor Celso Bazzola.

Mudança de rumo na vida profissional
Há pessoas que aproveitam o momento de crise para dar um novo rumo, até mesmo radical, à vida profissional. É o caso dos que mudam de carreira. Mas vale o alerta da consultora Ana Lisboa: “O sucesso depende de planejamento”, afirma ela, que indica ainda a orientação de um profissional como o coach para fazer isso de forma planejada. “É preciso pensar em todos os detalhes com muito cuidado, analisar prós e contras antes de seguir um horizonte diferente”, destaca a especialista em carreiras.

Já para o consultor em Recursos Humanos Celso Bazzola, este é um caminho temerário em um momento de crise. “Mudar totalmente de rumo não é proibido, principalmente se a pessoa tem fôlego financeiro para aguentar a transição. Mas não aconselho se não está preparado e não criou uma base forte com antecedência”, conclui.

Profissão concurseiro até passar
Mesmo com a previsão de menos concursos públicos em 2016, por causa da redução de 40% de novas vagas no poder Executivo federal, o emprego público ainda é um sonho para muitos. Para o especialista em concursos Anderson Braga, este é um bom momento para quem quer fazer concurso. “É uma boa opção por causa da segurança que o cargo dá a longo prazo”.   Entretanto, a consultora em Gestão de Pessoas Ana Lisboa afirma que a transição não é imediata. “A pessoa tem que estudar muito, ter foco, disciplina e um planejamento bem antes do concurso”, indica ela,  afirmando  ainda que é preciso ter perfil para o setor. Em 2016, serão 14.897 vagas em concursos públicos, segundo o governo federal.

Fonte: Correio

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