Sem alarde, em dezembro, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) recebeu autorização especial do Ibama e da Agência Nacional de Águas (ANA) para realizar o teste de redução da vazão de água liberada a partir do Reservatório de Sobradinho, na Bahia. O objetivo é reduzir de 900 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 800m³/s.
Para realizar essa operação de forma gradual, a redução acontecerá em duas etapas.
A primeira deverá ocorrer de 7 a 13 de janeiro, com a vazão de 850 m³/s. De 14 a 20 de janeiro, devem ser praticados os 800m³/s.
A estatal culpa a seca pelos problemas e cita “o prolongamento da estiagem na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco”.
O governo Dilma 1 também tem culpa no esvaziamento do reservatório. Ao incentivar o consumo de energia elétrica e não promover ajustes tarifários, para ganhar a eleição e evitar indesejáveis aumentos na conta de luz, acabou obrigando geradoras como a Chesf a produzirem mais energia, alavancada a partir da água do São Francisco. O governo Dilma não controla a entrada de água no reservatório, por depender do regime de chuvas, mas pode controlar a saída, afinal para isto foram contribuídas essas barragens ao longo dos anos.
“O objetivo dessa redução é manter a capacidade de armazenamento de água no Reservatório de Sobradinho para garantir o uso múltiplo da água, principalmente irrigação e abastecimento humano”, afirmou o diretor de Operação da Chesf, José Ailton de Lima, em comunicado da estatal.
“Desde 2013, a falta de chuvas na Bacia do São Francisco vem se refletindo no menor armazenamento de água nos reservatórios. O de Sobradinho, de grande importância para a Região, está com o seu volume útil em torno de 2%”, diz a estatal.
Em dezembro, a estatal já estava se preparando para nova redução de vazão do Rio São Francisco, de 900m³/s para 800m³/s. Em reunião realizada em Brasília, a Agência Nacional de Águas (ANA) sinalizou que a vazão seria reduzida, ao mesmo tempo, nos reservatórios de Três Marias (MG) e de Sobradinho (BA).
“A vazão do reservatório de Três Marias passará de 400 para 300 metros cúbicos por segundo. Já em Sobradinho, a vazão reduzirá dos atuais 900 metros cúbicos por segundo para 800. A operação será simultânea. Toda essa operação só será iniciada após autorização do Ibama e da ANA e, também, com a distribuição dos comunicados com os usuários e atendimento aos condicionantes da autorização especial”, afirmou o superintendente de Operação da Chesf, Ruy Barbosa Pinto Júnior.
“Todos estamos sensíveis ao momento hidrológico enfrentado nesta região já tão castigada pela seca. O objetivo da Chesf é controlar o reservatório de modo a garantir água para os usos múltiplos. A geração de energia hidrelétrica não é prioridade neste momento, pois temos abastecimento garantido”, destacou o superintendente, na época. Já era tarde.
Por Jamildo Melo