Brasil será responsável por 1/3 das novas demissões em 2016, diz OIT
O Brasil será responsável por um a cada três novos desempregados em 2016 no mundo. A afirmação é da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo informe anual, a entidade revela que o País registrará o maior salto na taxa de desemprego entre as grandes economias do mundo neste ano, quando 700 mil brasileiros devem perder seus trabalhos.
A OIT aponta para o aumento do desemprego no País para 7,7% e alerta que a crise econômica levará uma “queda severa” no mercado de trabalho. Em 2014, essa taxa era de 6,8% e, em 2015, ficou em 7,2%. Em números absolutos, a alta é de 7,7 milhões de desempregados no ano passado para 8,4 milhões de pessoas em 2016. Para a OIT, essa é uma “alta significativa”.
Segundo a organização, no total, 2,3 milhões de postos de trabalho serão destruídos no mundo. E o mercado brasileiro ainda responderá por mais de um terço de todo o desemprego latino-americano.
“Essa é a maior elevação do desemprego entre as grandes economias”, alertou o diretor do Departamento de Pesquisas da OIT, Raymond Torres. Segundo a entidade, o Brasil “entra numa recessão severa” e nem mesmo as políticas sociais e de promoção de empregos implementadas nos últimos anos serão suficientes para frear o desemprego.
De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho, além da crise interna, a exposição do Brasil ao mercado chinês também não ajudará. Com a pior taxa de crescimento em 25 anos em Pequim, as vendas nacionais devem sofrer e, uma vez mais, o impacto na criação de emprego será sentido.
Para Torres, é essencial o Brasil voltar a usar a política fiscal para tirar a economia da recessão. “A política fiscal precisa recuperar o protagonismo que teve nos anos passados, mesmo que o mix seja diferente”, disse. “Ela precisa ajudar na recuperação e que não seja parte das medidas de austeridade, num país que não precisa da austeridade fiscal”, alertou.
A média mundial de desemprego, hoje, é de 5,8%. Ao final de 2015, 197,1 milhões de pessoas estavam sem trabalho no planeta e a previsão é de que, em 2016, esse número chegue a 199,4 milhões. Em 2017, segundo a OIT, a situação continuará a piorar, com outros 1,1 milhão de desempregados se somando ao número total.
E são os países emergentes, como o Brasil, que vão elevar esses números. De acordo com a entidade, em dois anos, os emergentes verão a perda de 4,8 milhões de postos de trabalho. Além dos 700 mil no Brasil, outros 800 mil desaparecerão na China. Oficialmente, porém, a taxa de desemprego de Pequim passará apenas de 4,6% para 4,7% entre 2015 e 2016.
Desigualdade
Segundo a OIT, a redução da desigualdade social foi estagnada desde 2010 e, dos 15 países avaliados, cinco deles registraram uma alta na disparidade de renda. Para a organização, portanto, o risco de uma revolta social aumentará em 2016 nos países emergentes, justamente por conta da falta de oportunidades de trabalho.
Em consequência, empregos informais também devem crescer nos mercados nos emergentes. Segundo a OIT, ele atinge já 50% na metade dos países em desenvolvimento e, em um terço deles, a taxa supera a marca de 65%.