Não é de hoje que o posto mais cobiçado de uma escola de samba é o de rainha de bateria. E na Portela a posição é a mais desejada. Não que haja uma disputa oficial, mas nos bastidores a corrida para o carnaval 2017 já começou.
Até lá, Patricia Nery, que está há quatro anos à frente dos ritmistas, está garantida. Ela sabe que está na mira de suas rivais. “Desejar todas podem. Eu mesma desejei estar aqui. Quem sabe se permaneço ou não é a direção da escola”, discursa ela, num tom cordial: “Eu sou portelense. Não estou portelense. Saio em qualquer lugar da escola que me quiserem”.
Nery que se cuide. Este ano, Adriane Galisteu, que já foi rainha de bateria da agremiação de Madureira, está de volta como musa. Além dela, Sheyene Cesário e Milena Nogueira, que já tiveram reinados em outras quadras. A lantejoula que incomoda nessa história, no entanto, atende pelo nome de Gracyanne Barbosa. “Quem é Gracyanne?”, pergunta Nery, para depois se recordar e dizer: “Ah, a mulher do Belo… Não sabia o nome dela. As pessoas a chamam de Gra. Não tenho nada contra ela”.
Não parece ser bem assim. No último ensaio de rua da Portela, Gracyanne, que vai sair num dos carros com outras musas, foi cumprimentar Patrícia e ela virou a cara. “Foi bem chato. Todo mundo viu que ela ficou sem graça”, conta um componente da escola: “A Gracyanne foi reverenciar a rainha”.
No último domingo, 17, durante o ensaio técnico, Nery deu de cara com uma bandeira imensa levada por fãs de Gracyanne ao Sambódromo, exaltando a musa, numa clara referência à corrida pelo reinado. O que deixou a mulher de Belo quase constrangida. “A comunidade ama a Galisteu, queria que ela voltasse, mas Gracyanne está bem cotada. Todos amam o Belo por lá. Não duvido que ela entre ano que vem”, conjectura outro portelense de raiz: “E a Gracyanne também foi rainha da Unidos da Tijuca, como a Galisteu”.
Para completar, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, portelense roxo, foi sambar na pista com Sheyene e não com a rainha, o que rendeu outro disse me disse entre os componentes. De longe, Nery não se abala. “Não me sinto ameaçada. A comunidade conhece meu amor pela escola”, garante ela, que se protege como pode: “Com Deus, mas acho que ele tem coisas mais importantes a fazer do que cuidar de assuntos ligados ao carnaval”.