Record escala diretor para censurar Xuxa e já estuda rescisão de contrato
Xuxa Meneghel no programa da última segunda, que sofreu censura pós-edição
Menos de um ano após a contratação, a relação de Xuxa com a Record está em níveis altíssimos de tensão. Na última segunda-feira (18), um alto executivo da área artística, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, fez uma espécie de censura pós-edição do programa, previamente gravado. Cumprindo recomendação da igreja, o diretor viu todo o programa atento a cada frase de Xuxa. Sua missão era eliminar tudo o que julgasse chulo, vulgar e imoral. Paralelamente, advogados da Record já destrincham o contrato de Xuxa. Estão se preparando para uma eventual rescisão.
A censura pós-edição deve se repetir hoje, com o primeiro programa gravado em 2016. A convidada do dia é a funkeira Ludmilla. A Record quer evitar que Xuxa repita situações consideradas constrangedoras, como ocorreu quando ela recebeu as cantoras Anitta e Preta Gil, o apresentador Sérgio Mallandro e a atriz Luana Piovanni. Não quer sua principal estrela falando de masturbação e uso de brinquedinhos sexuais na cama.
Na semana passada, o principal convidado de Xuxa era o apresentador Marcelo Rezende. A loira, mais uma vez, roubou as atenções ao falar que sofreu abuso sexual na infância. Revelou que foi cantada por um professor de matemática quando tinha 11 anos. O executivo escalado pela Record/Igreja Universal do Reino de Deus estava preocupado principalmente com esse trecho.
Xuxa e Record estão em crise desde outubro, apenas dois meses após a estreia do Xuxa Meneghel. Além do excesso de referências sexuais, a emissora está descontente com o desempenho do programa no Ibope e no mercado publicitário. Há duas semanas, a atração marcou apenas 4,9 pontos, sua pior média. Levou uma “surra” do Programa do Ratinho, que no confronto registrou 11,7. Xuxa também tem sofrido derrotas consecutivas para o Máquina da Fama, do SBT. A Record esperava mais dela, em conteúdo, audiência e anúncios.
Xuxa, por sua vez, tem reclamado nos bastidores de falta de condições de trabalho. Primeiro, ela ficou insatisfeita com a decisão da emissora de terceirizar sua produção no Rio de Janeiro, arrendando seu complexo de estúdios para a produtora Casablanca. Os funcionários de Xuxa tiveram que rescindir com a Record e assinar novo contrato com a Casablanca, muitos em condições piores do que antes. Xuxa perdeu vários colaboradores. Eles argumentaram que deixaram a Globo para trabalhar na Record, não para a Casablanca.
Em novembro, a Record decidiu passar a gravar previamente o programa de Xuxa. A medida tem dois fins: reduzir custos com horas extras e adicional noturno gerados pelo programa ao vivo e evitar situações constrangedoras. Xuxa tentou de várias formas reverter a situação. Queria muito voltar com o programa ao vivo nesta segunda (25). Afinal, essa foi uma das justificativas para ela assinar com a Record, em março do ano passado, após ter sido dispensada pela Globo.
Diante desse quadro, advogados da Record já estudam o contrato da emissora com Xuxa. Buscam saídas que permitam uma rescisão menos traumática, como ocorreu com Gugu Liberato em 2013. Na época, Gugu tinha contrato até 2018. Sua multa chegava a quase R$ 300 milhões. A Record conseguiu negociar por um terço disso e ainda manteve o artista em seu elenco, agora como coprodutor, com um custo muito inferior ao do contrato assinado em 2009.
A tensão entre Xuxa e Record ainda não chega ao ponto de discussão do contrato. Ainda não se fala em rescisão. Mas os advogados da emissora não querem ser pegos desprevenidos.