Um retrato na praia, na visão poética de Carlos Pena Filho
Ei-la ao sol, como um claro desafio
ao tenuíssimo azul predominante.
Debruçada na areia e assim, diante
do mar, é um animal rude e bravio.
Bem perto, há um comentário sobre estio,
mormaço e sonolência. Lá, distante,
muito vagos indícios de um navio
que ela talvez contemple nesse instante.
Mas o importante mesmo é o sol, que esse desliza
por seu corpo salgado, enxuto e belo,
como se nuvem fosse, ou quase brisa.
E desce por seus braços, e rodeia
seu brevíssimo e branco tornozelo,
onde se aquece e cresce, e se incendeia.