Em 79, Vesúvio entra em erupção e soterra Pompeia
As cidades de Pompeia, Herculano e Estábia, no Sul da Itália, foram cobertas pelas cinzas em 24 de agosto de 79, em decorrência da erupção do vulcão Vesúvio. A partir do século XVIII, escavações permitiram redescobrir estas antigas cidades, num achado arqueológico sem precedentes. Elas foram mantidas intactas sob uma espessa camada de lava, além de suas incríveis riquezas: templos, edifícios, quarteirões de habitações, residências de patrícios, pinturas murais.
Pompeia, Herculano e Estábia floresciam perto do sopé do Monte Vesúvio na Baía de Nápoles. No início do Império Romano, 20 mil pessoas viviam em Pompéia. Eram mercadores, artesãos e agricultores, que exploravam o rico solo da região com inúmeros vinhedos e hortas. Ninguém suspeitava que a fértil terra negra fosse o legado de erupções do Vesúvio. Herculano tinha cinco mil habitantes e era destino de veraneio dos ricos patrícios romanos. Nomeada em homenagem ao mítico heroi Hércules, abrigava opulentas mansões e grandes balneários. Artefatos de jogos de azar encontrados em Herculano e um bordel desenterrado em Pompeia atestavam o outro lado da natureza das cidades. Havia outras pequenas comunidades na área, concentradas na pacata cidadezinha de Estábia.
Naquele fatídico dia, o Vesúvio explodiu, propelindo uma nuvem em forma de cogumelo a 15 mil metros de altura na estratosfera. Nas 12 horas seguintes, a cinza vulcânica e uma chuva de pedras com mais de sete centímetros de diâmetro cobriram Pompéia, obrigando os habitantes a fugir aterrorizados. Cerca de duas mil pessoas que permaneceram na cidade refugiaram-se em porões ou debaixo de estruturas de pedra, esperando cessar a erupção. Acabaram morrendo na manhã do dia seguinte quando uma nuvem de gás tóxico cobriu a localidade, sufocando a todos. Uma chuva de pedras e cinzas fez ruir telhados e paredes, cobrindo os mortos.
Um forte vento oeste protegeu Herculano do estágio inicial do desastre, porém uma gigantesca nuvem de cinza e gás surgiu do flanco ocidental do Vesúvio, engolfando a cidade e queimando ou asfixiando os remanescentes. A nuvem letal foi acompanhada de um mar de lava que soterrou a cidade.
Muito do que se conhece desta erupção vem do relato de Plínio o Jovem, que estava na Baía de Nápoles quando o vulcão explodiu. Em duas cartas ao historiador Tácito, ele contou como “as pessoas cobriam a cabeça com travesseiros, a única defesa contra a chuva de pedras” e de como “uma nuvem negra carregada de material incandescente de repente cobriu tudo. Alguns lamentavam seu destino. Outros rezavam.”
De acordo com Plínio, a erupção durou 18 horas. Pompeia ficou soterrada debaixo de uma camada de cinco metros de cinza e pedra e Herculano debaixo de uma camada de lava e material vulcânico de mais de 18 metros.
No século XVIII, um poceiro desenterrou uma estátua de mármore onde se situava Herculano. Em 1748, um agricultor encontrou traços de Pompeia em seu vinhedo. Em 1927, o governo italiano retomou a escavação de Herculano, recuperando numerosos tesouros artísticos.
Os restos de 2 mil seres foram encontrados em Pompéia. Seus corpos haviam sido cobertos de cinza que endureceu e preservou o contorno de seus corpos. Mais tarde, os corpos se decompuseram em restos de esqueleto, deixando uma espécie de molde de gesso. Arqueólogos que descobriram esses moldes, preencheram os vazios com gesso, revelando em detalhes tétricos a pose das vítimas no momento do desastre. Só em 1982 os primeiros restos humanos foram encontrados em Herculano e as centenas de esqueletos tinham marcas espantosas que testemunhavam suas horríveis mortes.
O Vesúvio é hoje o único vulcão ativo do continente europeu. Sua última erupção foi em 1944 e sua última grande erupção ocorreu em 1631. Outra erupção é esperada para o futuro próximo e poderia ser devastadora para as 700 mil pessoas que vivem nas “zonas da morte” em torno do Vesúvio.
Fonte: Ópera Mundi