Quando a escritora paquistanesa Zahra Haider escreveu para a revista Vicesobre seus encontros sexuais antes do casamento, quando era uma adolescente em Islamabad, o caso – como seria de se imaginar – deu o que falar nas redes sociais.
Haider, hoje na casa dos 20 anos, mudou-se para o Canadá logo antes de completar 19 anos. Em seu artigo, ela disse que usava quartos de hotéis para encontros sexuais e que seus pais tiveram uma reação “completamente irracional e melodramática” quando descobriram.
A história da jovem foi compartilhada milhares de vezes e motivou um debate acalorado.
Algumas pessoas se disseram ofendidas por ela ter dito que o Paquistão tem uma das “maiores populações que assiste pornô no mundo” e que paquistaneses são pessoas “cheias de tesão e desesperadas por sexo”.
Outros destacaram o fato de Haider ter feito sexo com “quase uma dúzia de pessoas” quando era adolescente em Islamabad, como relata no artigo.
Em uma carta aberta à jovem no Facebook, que teve mais de 6 mil compartilhamentos, o jornalista Ali Moeen Nawazish criticou a escritora por fazer “julgamentos culturais” sobre os paquistaneses.
Nawazish disse à BBC que não há “provas para sustentar a declaração (de Haider) de que o Paquistão seja o país que mais vê pornô no mundo ou que sua população seja sexualmente reprimida”.
O jornalista disse ainda que a experiência da jovem como integrante da “elite” do país asiático não representa as demais mulheres paquistanesas.
Mas também houve quem apoiasse a jovem nas redes.
Haider disse à BBC que escreveu o artigo para encorajar uma discussão mais aberta sobre sexo.
“Recebi, por exemplo, uma mensagem de alguém no Paquistão que perdeu o irmão para a Aids. Ele disse que seu irmão claramente sentia vergonha ao discutir sua sexualidade. Esse homem disse que o irmão perdeu a vida porque não entendia o que estava acontecendo com seu corpo.”