Dois meses depois de condenar a invasão ao Centro de Treinamento por oito integrantes de torcidas organizadas, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, recebeu de forma espontânea um grupo maior para reunião surpresa com jogadores, ontem.
Entre os convidados estava o líder de uma das torcidas, conhecido como Tabajara, que comandou o protesto recente e que gerou uma nota de repúdio da diretoria. Os cerca de 53 mil sócios-torcedores do Flamengo, porém, não têm sido ouvidos.
Desta vez, o clube se posicionou oficialmente a favor do encontro. Na reunião, os torcedores apoiaram os atletas e atribuíram as críticas da arquibancada a grupos políticos contrários à atual administração de Bandeira.
“A assessoria de imprensa do Flamengo confirma a visita de representantes de torcidas organizadas ao CT. O encontro foi agendado na semana passada, com o objetivo de ratificar o compromisso de apoio ao time”, informou o Rubro-negro.
A reunião, no entanto, foi combinada de última hora, depois que a Associação de Torcidas Organizadas (AtorFla) trocou seu presidente e alçou Tabajara ao comando. O presidente da Torcida Jovem deixou o Ninho do Urubu dirigindo um veículo prateado e hostilizou jornalistas barrados na porta do CT, enquanto o auditório usado para entrevistas recebia o encontro. Os jogadores ficaram sentados e ouviram, constrangidos, pedidos para que dessem o sangue.
— Ninguém quer passar por isso, mas é coisa do presidente. Eles não apontaram o dedo na cara de jogador — afirmou Rodinei, que confirmou a reunião surpresa: — Cheguei aqui e vi os torcedores, nem estava sabendo de encontro. Estacionei o carro e os vi. A gente estava sentado, eles de pé, e nos apoiaram.
Procurado, o presidente Eduardo Bandeira de Mello disse não saber da presença de invasores, mas confirmou que sabia quais torcidas estariam presentes. E repudiou a atitude hostil de um membro na saída do CT. Após a invasão de março, uma nota deixou clara a posição do clube: “Torcedor de verdade canta, torce, critica e empurra o time na arquibancada”.