Insetos são opção no combate à fome
Animais têm 35% a mais de proteína que um pedaço de frango com mesmo peso
Conheça os insetos e a opinião das pessoas
Cem gramas de grilo, barata ou gafanhoto têm 20% mais proteína que um bife do mesmo peso. Que o frango, os insetos chegam a ter mais de 35%. Apesar da alta carga nutricional desses animais, encarar essas iguarias exóticas ainda é uma ideia distante dos cardápios brasileiros por causar repúdio ao paladar das pessoas. A prática de comer insetos, conhecida como entomofagia, já é um hábito comum em lugares como Nigéria, Angola, China, Índia e Tailândia.
Em todo o mundo foram catalogados cerca de 1,4 mil espécies de insetos comestíveis, no entanto, no Brasil apenas quatro são utilizados como alimento humano. A Baratacinéria (Nauphoeta cinerea), por exemplo, é uma delas. Esses detalhes fazem parte de um estudo, cujo um dos autores é o estudante deCiências Biológicas da Fafire, Cleiton de Oliveira, de 22anos. Segundo ele, o estudo serve para mostrar que os insetos são uma boa opção alimentar no combate à fome.
O estudante acredita que, quando a necessidade alimentar é maior do que a oferta, há de surgir novas alternativas que regulem o desfalque de alimentos entre as populações. “Ao mesmo tempo, o estudo reforça que em pesagens equivalentes, o inseto muitas vezes contém mais proteínas e sais minerais do que a carne bovina, por exemplo. Por isso que a entomofagia surge como uma
alternativa complementar e benéfica para a alimentação humana”, diz Oliveira. Mas, engana-se quem pensa que o estudante fala de qualquer inseto.
“Não tem nada a ver com aqueles (insetos) soltos pela natureza. Não seria, por exemplo, aquela barata doméstica, de esgoto. Mas, os animais criados em ambientes controlados, que recebem ração específica rica em vitaminas”. Os animais fazem parte de um criadouro localizado no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. Quem os cria é Ginaldo Menezes, 50 anos.
“Eu antes criava passarinho para vender. Ao perceber a pouca demanda desses insetos como fonte de alimento para as minhas aves, vi que eu poderia ganhar dinheiro com inseto” ,conta Menezes, que há dez anos se dedica ao ofício.
Experimentando
Alguns dos animais puderam ser experimentados por alunos da Fafire durante exposição feita no térreo da universidade. A estudante de Psicologia, Cristiane Rocha, 47, foi uma delas. Ela provou tenébrio frito ao alho e óleo. “Gente, é muito saboroso isso. Gostei mesmo.
Parece até camarão. Sem dúvidas, é uma ótima opção de consumo”, disse, surpresa. O orientador da monografia, o professor Franklin Magliano, acrescenta: “Queremos mostrar que dá sim para afastar essa ideia de que são animais repugnantes. Que é possível minimizar o preconceito em nosso País e inserir esses insetos, aos poucos, à mesa. No Interior pernambucano
mesmo é muito comum comer tanajuras”, compara.
Ração
O estudo aponta que a cada 10kg de ração, os gafanhotos produzem cerca de 9kg de alimento, enquanto os bovinos produzem apenas 1kg. Em outras palavras, isso quer dizer que, para
produzir carne bovina suficiente é preciso de mais ração, mostrando a importância ambiental dos insetos como produtores de alimentos.
Comparando a composição de proteína e gordura de ambos animais, o gafanhoto possui 72% de proteína, 16% de gordura, enquanto o boi possui, 52% e 48%, respectivamente. “Isso mostra que apesar do tamanho desproporcional dos animais, o gafanhoto apresenta uma taxa maior de proteína na sua composição”, reforça.