As dores e delícias da camisa 10

Assim como Messi, outros craques mundialmente famosos sofreram o peso de perder títulos com suas seleções

La Pulga reluz no Barcelona, mas brilho é ofuscado na seleção platina

Quando Lionel Messi lançou na arquibancada a sua cobrança de pênalti diante do Chile fracassou – pela terceira vez consecutiva – no objetivo de conquistar um título para a Argentina. E não foi somente em Copas Américas que ‘La Pulga’ vacilou. Há dois anos, o herdeiro legítimo da camisa 10 alviceleste mandou para longe a oportunidade de ganhar uma Copa do Mundo. Evidentemente, ficou marcado por isso. É o ônus intrínseco aos gênios. Nas glórias, são os mais lembrados. Nos fiascos, carregam o fardo. Contudo, se há algo que possa consolar o argentino é de que ele não está só. Há uma galeria de gênios da camisa 10 que frustraram suas seleções. Nomes célebres como Puskás, Zico, Platini, Roberto Baggio e Riquelme também ficaram devendo o troféu mais cobiçado do futebol às suas nações. Messi anunciou esta semana que não joga mais pela Argentina. Aos 29 anos, ele pode muito bem mudar de ideia. E tentar reconstruir essa história.Ferenc Puskás talvez tenha sido o primeiro grande craque a envergar a camisa 10. O ‘Major Galopante’ é um dos maiores vencedores do futebol. Pelo Real Madrid, arrebanhou taças a torto e a direito, Europa afora. Na Copa de 1954, liderou a Hungria com uma campanha arrasadora até a final do Mundial. Entretanto, na decisão, apesar de ter marcado o primeiro gol, Puskás e companhia sucumbiram frente à Alemanha. A seleção húngara perdeu a chance de entrar no Olimpo do futebol e nunca mais chegou perto de tal proeza. Poucos anos depois de a Hungria encantar o mundo, a Seleção Brasileira viveu seu período mais vitorioso, vencendo três das quatro Copas seguintes. Graças a Pelé, a camisa 10 virou artigo nobre, honraria concedida apenas aos maiores craques. No entanto, a Canarinho também viu um 10 clássico falhar em uma Copa do Mundo.

Em 1982, na Espanha, o Brasil chegou com alta carga de favoritismo. O técnico Telê Santana tinha craques aos montes, como Falcão, Sócrates, Júnior e Zico, camisa 10 e o nome mais badalado. Apesar das altas expectativas, o time parou na Itália e sequer chegou às semifinais. Quatro anos mais tarde, também sob o comando de Telê, o Galinho de Quintino viveu nova tragédia. Teve a chance de levar o Brasil às semifinais, mas perdeu um pênalti contra a França e o escrete verde-amarelo voltou mais cedo para casa. A seleção francesa era igualmente talentosa. E muito desse brilho se devia ao homem que vestia a número 10. Michel Platini era o melhor jogador da Europa, e, apesar de meia, tinha manha de artilheiro. Era o nome mais capacitado a conquistar a primeira Copa do Mundo para a França, mas frustrou as expectativas dos Bleus.

Na década de 1990, outra lenda do número 10 chegou, literalmente, perto de faturar a Copa do Mundo pela sua seleção. Eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa em 1993, Roberto Baggio só não fazia chover na Itália comandada por Arrigo Sacchi. E, a exemplo de outros citados, ‘Il Divino’ entrou para a história, mas de uma forma cruel. Na final do Mundial de 1994, Itália e Brasil duelavam pelo tetracampeonato. A decisão foi para os pênaltis. Na sua cobrança, Baggio isolou o chute e as chances da ‘Squadra Azzurra’. Na década passada, um argentino teve a chance de levar a Alviceleste a conquistar o primeiro Mundial após a ‘Era Maradona’. Juan Román Riquelme, ídolo maior do Boca Juniors, era a cabeça pensante da forte Argentina de 2006. Até que a anfitriã Alemanha apareceu no meio do caminho. E garantiu a frustração de mais um craque da camisa 10.

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