Contra zika e insegurança, Hong Kong pede que atletas não façam sexo e proíbe saídas da Vila Olímpica

Força Nacional se reúne em frente à Arena Carioca.
Preocupações com segurança fizeram com que o Comitê Olímpico de Hong Kong proibisse atletas do país de deixar a Vila Olímpica

Não deixar a Vila Olímpica, não manter relações sexuais durante a viagem e dormir protegido por um mosquiteiro.

Essas são algumas das recomendações que os 65 membros da delegação de Hong Kong – 33 atletas confirmados – receberam do governo local como parte da preparação prévia ao embarque para os Jogos Olímpicos.

Ao lado da segurança, a epidemia de zika no Brasil é grande preocupação da equipe, que participa de sua 16ª Olimpíada. Durante uma hora, atletas foram alertados por médicos e representantes do Comitê Olímpico local sobre riscos à saúde e prevenção contra violência no Rio.

Para Vivien Lau Chiang-chu, membro da delegação de Hong Kong desde 1992, “os Jogos do Rio serão uma experiência totalmente diferente pelas razões erradas”.

Vivien disse ter lido relatórios negativos sobre saúde e segurança, mas também sobre questões sociais. “Parece que as condições são mesmo caóticas.”

Abstinência

Um documento detalhando os números da zika no Brasil, formas de transmissão e medidas preventivas foi distribuído aos atletas.

Nele, é recomendado evitar relações sexuais durante a viagem.

“Eles estão recomendando isso. Acho que eles preferem assim, seria mais seguro dessa forma”, diz Vivian Kong, 22 anos, atleta da esgrima que vai viajar acompanhada dos pais.

Vivian já esteve no Brasil participando de testes das instalações olímpicas. “Meus amigos brasileiros me disseram que as coisas não estão tão ruins assim. Meus pais estão muito entusiasmados e só um pouco preocupados.”

As medidas preventivas do governo de Hong Kong se estendem ao retorno dos atletas e turistas ao território.

Para garantir que o vírus não seja importado, o Departamento de Saúde recomenda de 2 a 6 meses de abstinência sexual ou uso de preservativo. O período é maior para aqueles que tiverem diagnóstico positivo ou apresentarem sintomas de zika.

Segundo o chefe do Port Health Officer (centro focado na prevenção e controle de doenças), o médico Raymond Ho, Hong Kong segue as últimas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). “A transmissão sexual do zika tem sido cada vez mais documentada”, resume.

A OMS publicou na última semana recomendações para viajantes com destino ao Brasil. Mulheres grávidas, por exemplo, são desaconselhadas de embarcar.

O Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos afirma que ainda não há confirmação sobre mulheres também poderem infectar seus parceiros durante relações sexuais ou se o vírus pode ser transmitido pela saliva.

“Estamos fazendo campanha contra o vírus Zika aqui, temos anúncios na televisão, no rádio e distribuição de informações nos postos de saúde e aeroportos”, diz Ho.

Hong Kong não teve nenhum caso de zika registrado até agora, mas 114 pessoas foram infectadas pela dengue no último ano. O Aedes aegypti não é encontrado no território chinês, mas outro mosquito similar, o Aedes albopictus, também é capaz de transmitir o vírus.

É justamente no verão, que ocorre de junho a setembro no Hemisfério Norte, que se forma o cenário favorável para a proliferação de doenças que têm o mosquito como vetor – clima quente e úmido.

Comitê Olímpico de Hong Kong sugere uso de mosquiteiros a atletas do paísO Comitê Olímpico de Hong Kong apresentou dois modelos de mosquiteiros como parte do kit para os Jogos Olímpicos

Mosquiteiro

A delegação apresentou na quarta-feira dois modelos de mosquiteiros que fazem parte do kit para os Jogos Olímpicos.

“Eu prefiro não correr nenhum risco, porque você não pode controlar quem o mosquito vai picar, então vou usar o mosquiteiro. Eu já tinha comprado um antes e estava pensando em levar”, afirma Sze Hang-Yu, atleta da natação.

Além de uniformes cobrindo braços e pernas, os atletas hongkongueses também levam na bagagem um repelente elétrico e outro para aplicação na pele. Todos receberam uma lista de vacinas recomendadas antes do embarque, entre elas febre amarela e Hepatite A.

“O que nós podemos fazer é fornecer os recursos para os atletas. Nós sabemos que a organização no Brasil está tomando medidas, mas a gente quer fazer mais. Tem a preocupação dos pais, dos atletas e a da delegação. Sei que Cingapura está fazendo algo similar. Acho que é natural estar preocupado, zika é um tema que está na mesa”, afirma Kenneth Fok, chefe da delegação de Hong Kong.

Delegação de Hong Kong apresenta repelentes elétrico e para a peleAlém de uniformes cobrindo braços e pernas, os atletas hongkongueses também levam na bagagem um repelente elétrico e outro para aplicação na pele

Reclusão

As notícias de atletas sendo assaltados na cidade sede dos Jogos cruzou o oceano e é algo impensável para os padrões locais.

Com 7,2 milhões de habitantes, Hong Kong é uma das cidades mais seguras do mundo. Em 2015, a polícia registrou 22 homicídios. Roubos e furtos também são raros.

Pela primeira vez em uma Olimpíada, atletas do território não estarão autorizados a deixar a Vila Olímpica. Qualquer saída ficará sujeita a aprovação especial.

“A delegação sugere que a gente não coma ou beba fora da Vila Olímpica. Por enquanto, não estou planejando ir a lugar nenhum fora, por causa da segurança. Espero que seja seguro o bastante ficar dentro da Vila.”

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