Ele não dribla, não desarma e muito menos faz gols. Mas pode mudar os rumos da partida. O fator emocional atrai a atenção da comissão técnica da seleção. Com um grupo jovem em busca do ouro olímpico tão perseguido, todo cuidado será pouco.

— Não podemos colocar toda a pressão em cima da não conquista dessa medalha. Vamos ter que trabalhar diariamente. E a cada passo nos atualizamos sobre como está a situação do grupo — explicou o coordenador das seleções de base, Erasmo Damiani:

— Cabe a nós passar tranquilidade, não só cobrança. Porque ela é inevitável. Existe internamente, na família, quando vão à rua… Mas nós, que estamos por trás, temos que dar tranquilidade e passar para os atletas que é só uma competição a mais. E que, se tiverem êxito, contará a mais na carreira deles.

Ainda assim, a seleção não terá nenhum psicólogo. Para a CBF, a comissão técnica por si só será capaz de dar conta do emocional de um grupo em que 15 dos 18 atletas têm, no máximo, 23 anos.

— Até porque será um período curto. E a competição em si já é uma motivação — justificou Damiani.

A tarefa de evitar que, ao invés de motivar, a pressão se torne um inimigo será compartilhada com Fernando Prass. Estreante na seleção, o goleiro de 38 anos chega para assumir responsabilidades e deixar com Neymar apenas a liderança técnica.

— A gente não pode esquecer a história da seleção. Tanto a positiva quanto a negativa. Traz a frustração da última Copa, mas também cinco títulos mundiais. O peso da camisa pode trazer pressão, mas também põe medo no rival. Temos que filtrar o que for positivo e trabalhar no aspecto psicológico o que pode atrapalhar — disse Prass, que já assumiu, no discurso, a função de líder:

— Essa pressão é estimulante. Não é peso, não.