Real fraco deve frear déficit comercial de manufaturados de US$100 bi
Industriais e exportadores têm como certo que o câmbio desvalorizado vai conter a escalada do déficit comercial brasileiro de produtos manufaturados, que atingiu a cifra recorde de 105,2 bilhões de dólares em 12 meses encerrados em agosto.
O grande déficit reflete a perda de competitividade dos produtos manufaturados produzidos no Brasil tanto no mercado interno como externo, por conta da valorização do real ante o dólar nos últimos anos e agravado pela crise econômica mundial.
Em 2005, o Brasil ainda registrava superávit comercial de manufaturados, de 7,8 bilhões de dólares. Mas há cinco anos, o saldo se tornou negativo, saltando de um déficit de 9,2 bilhões de dólares em 2007 para déficit de 94 bilhões de dólares em 2012.
“No início do 2013, a previsão para o déficit na balança dos manufaturados era de 110 bilhões de dólares e baixamos para 105 bilhões de dólares diante da perspectiva de valorização do câmbio”, disse o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
As importações de produtos industrializados atingiram 195,1 bilhões de dólares em 12 meses encerrados em agosto, enquanto as exportações tiveram uma performance bem mais fraca, chegando a 89,9 bilhões de dólares no mesmo período, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
O diretor do Departamento de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti, disse que 25 por cento dos produtos industrializados consumidos no mercado interno são importados, e que isso provocou o desmonte de várias cadeias produtivas. (Luciana Otoni/Reuters)