Uruguai diz que Mais Médicos pode ser ‘benéfico’
O Uruguai teve, no começo do Mais Médicos, uma série de reações que denunciavam o temor de que houvesse uma fuga de profissionais rumo ao Brasil, interessados em participar do programa impulsionado pelo governo brasileiro.
Mas apenas 20 médicos uruguaios se inscreveram. Com isso, autoridades passaram a ver como positivos a longo prazo os resultados dessa experiência e dizem defender “a liberdade individual dos profissionais para escolher onde trabalhar”.
“Não vemos como uma preocupação nem como um problema”, afirma, em entrevista ao UOL, o vice-ministro de Saúde do país, Leonel Briozzo. “O que se precisa é regularizar entre os governos o trânsito desses profissionais.”
De acordo com Briozzo, que é ginecologista, os médicos inscritos têm menos de 45 anos, em sua maioria são clínicos gerais e 25% deles se formaram em Cuba. “Para esses profissionais, a ida a outro país é uma oportunidade, oportunidade que pode terminar sendo benéfica depois para o Uruguai.”
O país possui uma das maiores taxas de médico por habitante da região: 3,7 profissionais por mil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. De acordo com esse mesmo organismo, a Argentina registra 3,2 e o Brasil conta com um índice de 1,8.
Até a semana passada, o programa brasileiro gerava opiniões controversas entre a sociedade uruguaia e declarações contundentes como a do presidente José “Pepe” Mujica, que chegou a aventar a “importação” de profissionais cubanos. “Se os uruguaios forem embora, isso me abre a brecha para trazer os cubanos”, disse na última quinta-feira (5). “O que precisamos é de médicos.”
A ministra de Saúde, Susana Muñiz, também se pronunciou com dureza quanto à possibilidade de que o país tivesse um deficit por conta da atração exercida pelo salário de R$ 10 mil estabelecido do outro lado da fronteira. “A sociedade uruguaia investiu muito dinheiro na formação de seus profissionais de saúde e o fato de que decidam trabalhar em outro país pode trazer problemas para o Uruguai”, afirmou, além de relativizar a remuneração, questionando que uma decisão desse porte fosse motivada simplesmente para ganhar “mil dólares a mais”. (UOL)