O Fla-Flu agora será decidido nos tribunais. Com o pedido de impugnação da partida aceito pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), os próximos passos serão todos dados nos bastidores. A decisão saírá de um julgamento que deve ser marcado até, no máximo, o início da próxima semana.
— Vou tentar ser o mais rápido possível, para não prejudicar o campeonato. Quero evitar que ele termine com um julgamento ainda para ser feito. Acredito que em 30 dias, no máximo, tudo estará resolvido — afirmou o presidente do STJD, Ronaldo Piacente.
O primeiro ato de Piacente já foi tomado. Assim que recebeu o documento do Fluminense, ele encaminhou um ofício à CBF em que solicita a não-homologação do resultado do Fla-Flu (2 a 1 para o Rubro-negro) até a decisão final do processo.
Antes de o julgamento ser marcado, duas partes precisam se manifestar. A primeira delas é o Flamengo. Em seguida, a Procuradoria do STJD. Só aí o caso terá prosseguimento.
— Recebi o pedido de impugnação de partida e determinei a intimação do Flamengo para se manifestar em dois dias. Depois, a Procuradoria será intimada para também se manifestar em dois dias. Ainda determinei a intimação da CBF para não homologar a partida até decisão final do processo. Depois das manifestações será sorteado relator, e o julgamento será do Pleno do STJD — explicou Piacente.
O relator será o responsável por organizar e analisar as provas do processo. Por ser no Pleno, o resultado do julgamento será inquestionável. Ou seja: não caberá recurso ao lado derrotado.
O caso ganhou força após a divulgação da leitura labial dos envolvidos na polêmica que marcou a partida, feita pela TV Globo. Em nota oficial, o Fluminense diz que “depois de analisados todos os vídeos, notícias e evidências no lance do gol anulado do zagueiro Henrique, no Fla-Flu, do último dia 13, em Volta Redonda, entende que ficou comprovada a interferência externa”.
Piacente diz estar convencido de que o inspetor Sérgio Santos avisou a Ricci que a TV confirmara a ilegalidade de Henrique. Mas deu a entender que esta prova não é suficiente para a anulação:
— A prova é lícita. Mas, ali, todo mundo falou algo. É preciso saber se o árbitro mudou sua decisão com base no que disse o inspetor.
O Flamengo aguarda a intimação para se manifestar. O advogado do clube, Michel Assef Filho, mostrou otimismo. Ele não crê que o recurso da leitura labial vá definir o resultado a favor do Fluminense.
— Não vejo motivo nenhum para que a impugnação seja procedente. O histórico de impugnações mostra que tem que ser algo absolutamente claro, sem qualquer dúvida. O que não existiu. Vai ficar provado que houve o oposto. A todo momento a arbitragem tinha certeza do impedimento — disse Assef Filho. — Leitura labial não é prova. Ou então tem que mostrar os 13 minutos de gravação para ver o que todos os envolvidos falaram.