Presidente do Galícia é deposto após ter contas rejeitadas
Conselho Deliberativo decide afastamento por 51 votos a 1; Roberto Presa é o presidente interino
A poucos meses do Campeonato Baiano, o Galícia mais uma vez protagoniza uma polêmica. O presidente Dario Rego foi deposto na noite da última segunda-feira (31). A decisão foi anunciada após votação realizada durante reunião do Conselho Deliberativo do clube. Além das cinco abstenções e uma ausência, 51 conselheiros votaram a favor da saída de Dario Rego e apenas um votou pela permanência dele. O presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Presa, assume o cargo interinamente e é responsável pela convocação de nova eleição para escolha de presidente no prazo máximo de 45 dias.
Dario Rego é deposto pelo Conselho Deliberativo do Galícia (Foto: Mauro Akin Nassor/Correio) |
“Esse processo vem desde janeiro. O Conselho Fiscal pediu as contas ao presidente, que tem que entregar essas contas do ano anterior no primeiro trimestre. Ele pediu 60 dias de prazo e não cumpriu. O Conselho Fiscal me mandou um parecer negativo das contas. Eu, cumprindo o estatuto, passei a informação ao Conselho de Ética. O não cumprimento cabia uma reunião para o impedimento ou não do presidente em exercício”, explica o agora presidente interino, Roberto Presa. “Na maneira que foi ocorrido, com a maioria esmagadora de 90% de votos, eu vejo que o Galícia realmente está precisando renovar”, opina.
Presidente do Galícia de 2013 a 2015, Dario Rego foi reeleito ao cargo este ano e deveria ficar à frente do clube até o final de 2018. Deposto, o ex-dirigente considera a decisão irregular. Segundo Rego, 80% dos conselheiros estão inadimplentes com suas mensalidades. “Foi uma decisão totalmente fora dos parâmetros do estatuto. Esse grupo que tenta me afastar do cargo vem com uma campanha de difamação da minha pessoa encabeçada por Roberto Presa e Manolo Moinhos, que foi meu vice-presidente administrativo e financeiro de 2013 a 2015. Parte desses documentos e dessas contas não foram entregues por Manolo Moinhos para que eu pudesse prestar contas”, acusa Rego.
Vice-presidente administrativo e financeiro do Galícia durante o primeiro mandato de Dario Rego, Manolo Moinhos concorreu à presidência do clube em chapa de oposição na última eleição. Moinhos é conselheiro e afirma que não teve acesso aos documentos citados por Rego. “Nós tivemos uma reunião do Conselho no dia 30 de agosto e ele solicitou isso por e-mail. Eu respondi por e-mail e disse a ele que eu realmente era o vice-presidente administrativo e financeiro do Galícia, só que, como é de conhecimento dele, desde o final de 2014 nada me foi mais passado do Galícia, tudo ficou a mando dele. Ele era o único que tinha controle de tudo e das contas do Galícia”, defende-se Manolo Moinhos.
Dario Rego também se diz vítima de preconceito. “Essas pessoas, no fundo, querem usar o Galícia como trampolim para aparecer na mídia e tentar outras instituições da colônia espanhola. Infelizmente, esse é o quadro mais negro que pode existir e essas pessoas não aceitam que um brasileiro seja presidente do clube. Eles usam de discriminação racial e querem fazer do Galícia um pequeno feudo da colônia espanhola, já que não têm acesso a cargos importantes”, afirmou Dario Rego. Ele informou que vai recorrer da decisão. “Estou tranquilo, pois resgatei o clube que estava há 14 anos na segunda divisão do Baiano. Coloquei na primeira divisão, mantive e voltei à Série D do campeonato nacional. Vou acionar a Justiça e tenha certeza que o dano será reparado”, afirma.
Roberto Presa assume interinamente |
Roberto Presa rebate as acusações. “Em nenhum momento eu dei alguma declaração ou coloquei em qualquer meio de comunicação nada contra o senhor Dario Rego. Acho que ele deveria provar o que diz antes de tornar público. O senhor Dario Rego está em seu segundo mandato e, no primeiro, ele foi eleito pelas mesmas pessoas que agora votaram para a saída dele. Todos os conselheiros confiaram nele, porém a recíproca não foi verdadeira”.