Desempenho de federais brasileiras em ciências supera média da Coréia do Sul no Pisa
Os alunos da rede pública federal de ensino registraram média de 517 pontos em ciências no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), índice que colocaria o Brasil na 11ª posição do ranking da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O desempenho registrado pelos estudantes das federais supera em um ponto a média da Coréia do Sul, país considerado uma das principais referências internacionais na área da Educação.
O resultado do último Pisa, prova que testa os conhecimentos de estudantes de 15 anos de idade em matemática, leitura e ciências, foi divulgado na terça-feira (6/12). A avaliação é feita a cada três anos, e cada aplicação é focada em uma das áreas. Em 2015, o foco foi em ciências, que concentrou o maior número de questões da avaliação.
Participaram da edição do ano passado 540 mil estudantes que, por amostragem, representam 29 milhões de alunos dos países participantes. A avaliação incluiu os 35 países-membros da OCDE, além de economias parceiras, como o Brasil. No país, participaram 23.141 estudantes de 841 escolas.
Secom UnB/FlickrCC
Desempenho de estudantes de institutos federais supera média nacional em ranking da OCDE
Pela média geral dos alunos da rede pública e privada, o Brasil ocupa, em um ranking de 70 países, a 63ª posição em ciências; a 59ª posição em leitura e a 65ª posição em matemática.
O desempenho dos estudantes dos institutos federais, no entanto, supera em muito a média nacional, inclusive dos alunos de escolas privadas.
Em ciências, os representantes das federais registraram 517 pontos, contra 487 das escolas particulares; 394 das estaduais; e 329 das municipais. Em Leitura, a média das federais foi ainda maior: 528 pontos, contra 493 da rede particular; 402 da estadual; e 325 da municipal.
Em matemática, a média dos institutos públicos federais continuou acima da média nacional, com 488 pontos contra 463 dos colégios particulares; 369 dos estaduais e 311 dos municipais.
Federais ignoradas
Em todas as áreas, a pontuação alcançada pelos alunos das escolas federais é maior ou similar à de países desenvolvidos.
Apesar disso, o bom desempenho das federais não foi comemorado por Mendonça Filho, atual ministro da Educação, que afirmou que o resultado geral alcançado no Pisa é uma tragédia para o futuro dos jovens brasileiros. Logo após a divulgação dos números, o chefe do MEC apontou que a reforma do Ensino Médio proposta por meio de uma Medida Provisória pelo governo federal seria uma das soluções para reverter o quadro negativo do país.
No dia 4 de outubro deste ano, quando divulgou dos resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2015, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira) deixou de contabilizar o desempenho das instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Tradicionalmente, as escolas federais são a que registram melhores resultados no Enem entre os colégios da rede pública brasileira.
Assembleia Legislativa do Paraná/FlickrCC
Neste ano, quando foram divulgados os resultados do Enem de 2015, o Inep deixou de contabilizar o desempenho de algumas instituições
A falha foi reconhecida pelo Inep no dia seguinte (5/10), quando o Instituto atribui a ausência das escolas federais a um erro da equipe técnica na interpretação de uma portaria que regulamentava as correções.
Antes de reconhecer o erro, no entanto, na entrevista coletiva concedida no dia 4 de outubro para anunciar os dados, a presidente do Inep, Maria Inês Fini, afirmou que os resultados da rede pública reforçavam a “imperiosa necessidade” de reforma do ensino médio brasileiro.
*matéria originalmente publicada em Painel Acadêmico