Materiais escolares devem ficar até 10% mais caro este ano

Segundo o IBGE, os gastos com educação subiram 8,63% em Salvador e Região Metropolitana em 2016

Eduardo Bittencourt

Manter os filhos nas escolas particulares não tem sido uma tarefa fácil. Com os reajustes da mensalidade e o aumento no valor do material escolar, os pais precisam buscar estratégias para manter os gastos com a educação dos filhos dentro do orçamento e evitar dívidas.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que os gastos com educação subiram 8,63% em Salvador e Região Metropolitana em 2016.  Apesar do soteropolitanos terem gastado mais com a educação, o aumento ficou abaixo da média nacional, que foi de 8,86%. E quem mais sofreu com esse aumento foram os pais que possuem filhos no ensino fundamental (+ 12,32%) e no ensino médio (+ 12,33).

As expectativas são de que os gastos com a educação tenham um novo aumento este ano. De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (Abfiae), é esperado um reajuste entre 5% e 10% no valor dos materiais escolares. O principal motivo, conforme explica o presidente da associação, Rubens Passos, é o valor de matérias-primas como o papel. “Os cadernos devem ficar, em média, 15% mais caros”, afirma.

Manuela Silva reclama que a mochila é um dos itens que mais pesa no bolso
(Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

Estratégias
Economizar tem sido o mantra de muitos pais no momento de ir comprar os itens do material escolar para os filhos. “Economizei no ano passado porque não comprei mochila e economizei em outros materiais também. Esse ano tenho mais gastos, mas mochila para mim é o pior”, reclama a enfermeira Alexsandra Mota, 34 anos. Contudo, a enfermeira tem uma estratégia para tentar gastar menos na hora de comprar a mochila da filha. “Vou comprar uma de qualidade boa e que no ano que vem eu possa reaproveitar”, conta.

O preço da mochila também é uma queixa de Manuela Silva, 33, líder de setor. “Esse ano a lista de material foi enorme. A mochila é um dos itens que mais pesa no bolso. Só a lancheira mesmo tá R$ 70. Esse ano vou comprar só a mochila e reaproveitar a lancheira do ano passado”, informa.

Reaproveitar o material escolar do ano anterior é uma boa dica para diminuir o custo na hora de comprar os itens pedidos pelas escolas. “Uma dica é tentar reaproveitar o material que teve pouca utilização no ano anterior. Sempre algum material fica remanescente”, sugere o mestre em Controladoria e Finanças e professor dos cursos de Administração e Ciências Contábeis da Estácio FIB, Alex Magalhães.

O educador financeiro lembra que uma boa relação entre os pais pode ser uma saída na hora de economizar na compra dos itens escolares. “Os pais precisam se organizar em grupos para fazerem compras coletivas, porque é mais fácil conseguir descontos comprando no atacado. Você pode também conseguir repassar os materiais escolares de um colega para o outro, que está entrando em um novo ano escolar. É possível fazer rodízio de livros, material didático e, até mesmo, da farda com um primo ou irmão”, diz Magalhães.

A dona de casa Claudia Marins, 37, conta que o que mais tem pesado no bolso são os livros didáticos. Precisando comprar o material escolar para os três filhos, ela tem buscado comprar também livros seminovos, que são vendidos a preços mais baratos. Porém, nem sempre tem sorte de encontrar o que busca em sebos e feiras e acaba recorrendo as próprias livrarias. “Os livros estão pesando, mas estou comprando livros usados também, quando encontro. Eu já gastei mais de R$ 1.000 e ainda tenho mais livros para comprar”, afirma.

Pesquisa
A pesquisa pode ser uma saída para encontrar itens da lista de materiais pedida pela escola por valores mais em conta. Em 2016, por exemplo, os artigos de papelaria tiveram um aumento de 6,72%. Assim, comparar os preços entre papelarias diferentes é uma alternativa para minimizar os gastos com esses materiais.

Uma outra dica é fazer o orçamento de toda a lista de materiais em uma mesma papelaria e buscar cotar os preços também em livrarias e papelarias de bairro. “Leve a lista em várias lojas e compare os preços e condições de pagamento. Lembrando de que o pagamento à vista pode ser negociado, com pedido de desconto”, diz o educador financeiro.

O contador Alisson Santana, 35, diz que gosta de agradar a filha na hora de comprar o caderno e a mochila
(Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

Esse é o ritual de Manuela Silva antes de comprar o material escolar dos filhos. “Para economizar a gente precisa pesquisar. Eu vou nas lojas, anoto todos os valores e depois volto no lugar onde o orçamento ficou mais barato”.

Fazer o orçamento pela Internet é uma saída para quem tem pouco tempo para ir às lojas e comparar o preço. “Em alguns casos você consegue encontrar preços mais em conta. Mas os pais precisam ficar de olho no prazo de entrega, para que o material chegue antes do retorno das aulas”, avisa Magalhães. É importante também se certificar de que o site é seguro, se há lojas físicas e os registros de reclamações de outros consumidores a respeito dele.

Negociação
Outro fator que pode pesar no bolso é comprar material escolar de personagens infantis que estão em alta no momento. E se por um lado alguns pais gostam de ceder para os filhos na questão de qual personagem vai estampar a capa do caderno ou a mochila, por outro o valor pago nos itens com estampa do personagem infantil da moda encarece o produto e pode pesar no bolso.

Apesar disso, o contador Alisson Santana, 35, acredita que esse é o momento de fazer um agrado para a filha Maria Clara, de 4 anos. “Esse ano eu vou comprar mochila para ela e ela pede que a mochila seja de um personagem que ela gosta. E eu vou fazer esse agrado, né? A mochila é a sensação da escola”, conta.

Para o mestre em Controladoria e Finanças Alex Magalhães, o ideal é que o pai negocie com o filho nesse momento. “Essa época as crianças ficam buscando material com nome ou imagem de personagens e isso acaba encarecendo o produto. É importante que o pai converse com o filho. Por exemplo, comprar o caderno ou o material de pintura de um personagem, mas economizar na hora de comprar a mochila, que é o mais caro”.

10 DICAS PARA ECONOMIZAR COM AS ESCOLAS

1. Grupos Junte a lista de materiais pedidos com a lista de outros pais da mesma escola. Comprar em quantidade pode baratear o produto e aumenta a chance de barganhar bons descontos.

2. Cuidado Oriente os filhos a cuidar dos livros didáticos durante o ano todo, porque esse material pode ser vendido ou trocado no ano seguinte, gerando economia para o bolso dos pais.

3. Reciclagem Reaproveite o material do ano anterior que esteja em bom estado, como mochila, caneta, borracha e, até mesmo, o uniforme, e reduza a lista de compras.

4. Pesquisa Pesquise e compare orçamentos. Comparar preços pela Internet pode ser uma alternativa para quem não tem tempo de fazer isso nas lojas ou queira economizar com transporte.

5. Marcas Busque material de marcas menos conhecidas. Pode ser uma saída para diminuir o valor total da compra.

6. Feiras e sebos Compre os livros didáticos e paradidáticos em feiras e sebos. Esta estratégia ajuda a economizar com a lista porque os produtos, geralmente, são vendidos mais baratos em razão de serem reaproveitados.

7. Personagens Negocie com o filho na hora de comprar o material escolar. Cadernos e mochilas de personagens encarecem o produto. Se comprar um caderno com personagem da moda, compre uma mochila mais simples, por exemplo.

8. À Vista Comprar à vista ajuda na hora de negociar descontos com as lojas. É uma saída de economia, caso caiba no orçamento.

9. Lanche Compre lanches para seu filho levar de casa. Os lanches nas lanchonetes e cantinas das escolas costumam ser mais caros, porque tem o custo do estabelecimento e da mão-de-obra, por exemplo.

10. Rodízio Busque se juntar com outros pais que moram na mesma região para levar os filhos na escola. Fazendo esse rodízio, é possível economizar na gasolina e no valor do transporte escolar.

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