Um país que exclui e mata
Esta série de reportagens mostra como ser transgênero é especialmente difícil no Brasil, o país que, em números absolutos, mais registra assassinatos de travestis e transexuais, segundo levantamento feito pela ONG Transgender Europe.
Após se perceberem de um gênero diferente do que lhes foi atribuído no nascimento, essas pessoas passam a enfrentar uma verdadeira luta para viverem sua identidade. Além do risco constante de serem vítimas de violência, elas não contam com uma legislação que as proteja, são excluídas do mercado de trabalho, têm enorme dificuldade para acessar serviços de saúde, são hostilizadas e violentadas nas escolas e sofrem, frequentemente, com a incompreensão e a rejeição familiar.
Tal quadro faz com que essa parcela da sociedade morra muito, muito cedo. Dados da União Nacional LGBT apontam que o tempo médio de vida de uma pessoa trans no Brasil é de apenas 35 anos, enquanto a expectativa de vida da população em geral é de 75,5 anos, de acordo com informações divulgadas em dezembro de 2016 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
PARTE 1 – Violência e exclusão do mercado de trabalho
Rotina de exclusão e violência // O Brasil matou ao menos 868 travestis e transexuais nos últimos oito anos, o que o deixa, disparado, no topo do ranking de países com mais registros de homicídios de pessoas transgêneras. O dado, publicado pela ONG Transgender Europe (TGEu), é assustador, mas não representa novidade para essa parcela quase invisível da sociedade. Continue lendo.
Não há vagas… para trans // Segundo o Relatório da violência homofóbica no Brasil, a transfobia faz com que travestis e transexuais tenham “como única opção de sobrevivência a prostituição de rua”. Não é mera força de expressão. Estimativa feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta que 90% das pessoas trans recorrem a essa profissão. Continue lendo.
Improvável final feliz, a trajetória de uma transexual brasileira // Quem vê as fotos de formatura que a psicóloga Ariane Senna, 25 anos, posta com orgulho no Facebook, não imagina quantos obstáculos ela teve de enfrentar até alcançar o diploma. Negra, de origem pobre e vítima da incompreensão familiar, ela parecia destinada, como grande parte das transexuais brasileiras, a um fim trágico. Continue lendo.
Transexual, travesti, drag queen, crossdresser… afinal, qual é a diferença? // Com a ajuda da psicóloga Isabel Amora, que atende pessoas transgêneras no Hospital Universitário de Brasília (HUB), organizamos um glossário para você entender melhor o universo trans e não se confundir mais. Continue lendo.
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PARTE 2 – Falta de acesso à educação, à saúde e a direitos básicos
Expulsos da escola // Estudo da ABLGBT mostra que 25% dos estudantes que não se declaram heterossexuais no Brasil já foram agredidos fisicamente e 55% ouviram comentários negativos a respeito de pessoas trans no ambiente escolar. Dos entrevistados, 45% disseram que já se sentiram inseguros devido à sua identidade/expressão de gênero. Continue lendo.
A saúde negada // Para um universo estimado de 752 mil transexuais no Brasil, há ambulatórios especializados em apenas 11 cidades. Já as instituições habilitadas pelo Ministério da Saúde para realizar a cirurgia de adequação sexual são quatro, localizadas em Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Continue lendo.
Transformações documentadas // Espaço democrático, a internet é sinônimo de liberdade para travestis e transexuais. Na rede, youtubers documentam a transição de gênero e ajudam a desestigmatizar esse universo. Os vídeos também mostram histórias de superação e acolhimento. Conheça canais que mostram que a identidade vai muito além do sexo biológico. Continue lendo.
O direito a ter direitos // As principais bandeiras dos movimentos trans enfrentam resistência no Congresso. É o que ocorre com a proposta de criminalização da LGBTfobia, ou seja, de atos de discriminação quanto à orientação sexual ou à identidade de gênero, e o direito a atualizar os documentos sem burocracia. Continue lendo.
Parte 3 – Incompreensão e rejeição familiar
Em vez de acolhimento, rejeição // Nem todos os transexuais têm a sorte de Gabriela, compreendida pela mãe, Rosangela (foto). Pelo Disque 100, canal para denúncias de violações contra essa parcela da sociedade, mantido pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH), foram registradas 1.792 agressões contra LGBTs em 2014. Um em cada seis desses crimes foi cometido por parentes das vítimas. Continue lendo.
Tira-dúvidas // O que os pais precisam saber sobre o filho ou a filha trans? A psicóloga Ingrid Quintão, do espaço Vêr-te-se, responde a algumas das perguntas mais comuns que surgem quando alguém fica sabendo que há um transexual ou travesti na família. Continue lendo.
Fotos // Montagem no alto: Hugo Gonçalves/Esp.CB/D.A Press; arquivo pessoal, Hugo Gonçalves e Humberto Rezende/CB/D.A Press. Índice de matérias: Marcelo Parmeggiani/Futura Press; Daniel Ferreira/CB/D.A Press; arquivo pessoal; Paulo Pinto/Fotos Públicas; Hugo Gonçalves; Hugo Gonçalves; reprodução/internet; Daniel Ferreira/CB/D.A Press; Humberto Rezende; reprodução/internet.