Conab aplica calote em agricultores de Curaçá que compraram grãos para o rebanho

Grazzielli Brito – Ação Popular

Os governos estadual e federal grandes adeptos da ‘boa’ propaganda espalham aos quatro ventos suas ações em defesa do homem do semiárido que vem amargando as consequências de longo período de seca. Uma delas diz respeito a uma parceria da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Governo do Estado da Bahia, que promove a venda de milho com preço subsidiado para apoiar a manutenção dos rebanhos em municípios atingidos pela estiagem.

Em Curaçá, Bahia, muitos produtores fizeram a compra desse milho na tentativa de salvar os poucos animais que lhe restam, mas foram vítimas de um calote como conta Valberto Matos, produtor e ex-vereador do município. “Os governos fazem propaganda enganosa com relação a esse apoio que está dando ao criador da área de sequeiro. Todo mundo em desespero com os prejuízos causados pela estiagem, ainda vem a Conab e dá um calote na gente. Eles venderam o milho, nós já pagamos e eles não entregaram”.

Calote

De acordo com o programa, os compradores interessados forma cadastrados, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural. Eles tiveram um valor de compra aprovado e foi gerada uma GRU da Conab. Estando pago o boleto, o milho seria enviado em um prazo de 15 dias.

Em Curaçá esse pagamento foi feito há dois meses e nada de milho. “O pessoal que está sofrendo, já perdeu todo seu rebanho e continua a perder. Os produtores pagaram com dificuldade esse milho. Muitos deles se desfizeram do pouco animal que tem, para tentar salvar outros. A Conab está negociando com dinheiro do povo”, disse Valberto indignado.

Revolta

O ex-vereador faz um alerta às autoridades políticas. “Eu fiz um comentário, através do facebook, ao deputado Roberto Carlos. Quero que ele veja Curaçá. Ele e os outros políticos votados no município. Caracterizo isso como calote. Tomaram o dinheiro do povo pra comprar e leva até 60 dias pra trazer esse milho? Quero chamar atenção do governo do estado e do federal, que eles deixem dessa propaganda enganosa. A distribuição do milho por parte da Conab é uma vergonha”, completou Valberto.

Governo municipal

A técnica agrícola Tatiana dos Santos Barbosa, também se diz insatisfeita em não poder dar uma resposta favorável ao produtor. “A explicação que eles deram pra gente é que estavam sem grão para fornecer para os produtores. Aleguei que já tinha quase dois meses que foi pago a primeira parcela dos boletos, e que se não tem mais grão eles deveriam devolver o dinheiro, mas a Conab sempre pede um prazo para a entrega”.

“Eu entendo a situação dessas pessoas, inclusive, meu pai é um desses produtores que está passando por isso e infelizmente eu não tenho o que dizer mais a população”, lamenta Tatiana.

Outro funcionário da secretaria, Dilson Damasceno, informou que o secretário está em Salvador resolvendo o problema. “Ele me telefonou dizendo que o milho da Conab deve chegar hoje. Ele foi lá resolver, disposto até a brigar com a Conab pela devolução do dinheiro”.

A Secretaria de Desenvolvimento Rural foi procurada pela reportagem do Ação Popular.