Perdido e sem comando

Num determinado momento da sua entrevista sobre o maior e mais ousado assalto da história do País a uma empresa de segurança de valores, ocorrido na madrugada de ontem na Zona Oeste do Recife, o secretário de Defesa, Ângelo Gioia, disse que seria inócuo trazer tropas federais para reforçar a segurança do Carnaval, porque eles (os agentes do Exército) não conhecem os locais onde impera o medo e a bandidagem na Região Metropolitana.

Vale perguntar ao secretário Gioia se ele também conhece esse submundo. Evidentemente, não. Importado do Rio de Janeiro, o secretário não conhece nem os locais nem tampouco a realidade da segurança pública. Nada contra quem vem de fora ou carregue no sotaque carioca, mas a grande verdade é que o governador Paulo Câmara cometeu um grande equívoco na escolha. Num momento em que o Pacto pela Vida está ameaçado, tempo é ouro.

Gioia ainda vai gastar muito tempo para se adaptar aos costumes e a cultura de um Estado que luta há muito tempo para vencer a violência e a bandidagem. Quando se importa alguém para chefiar uma área tão sensível e complicada, a começar de casa, dos comandados, a hostilidade é exposta de forma numa e crua. Nem que fosse o cão chupando manga, ditado para carimbar um todo-poderoso adaptado à nossa cultura regional, o carioca superaria a montanha de dificuldades.

Os próprios escolhidos para auxiliar o secretário não têm interesse no seu sucesso e conspiram. Não há um mundo mais corporativista do que o policial. É cobra engolindo cobra! O governador, que já mudou os comandantes da Policia Militar e Polícia Civil, não pode continuar batendo cabeça. Gioia não deu certo nem dará. Quando algo nasce para dar certo, se percebe logo na largada. Não é o caso do secretário de Defesa, no cargo há quatro meses.

Tempo suficiente para ter mostrado que seu trabalho teria alguma chance de dar certo. Não deu. Com Gioia no comando da segurança pública no Estado, nos últimos 120 dias a violência tem crescido de forma assustadora, levando o Estado a liderar o ranking de homicídios e assaltos a bancos no País. O secretário é fraco. Diante do maior assalto a uma empresa segurança de valores, ele disse que a sua polícia respondeu à altura. Como, se até agora ninguém foi preso e nenhum centavo dos R$ 60 milhões roubados foi recuperado?

(Magno Martins)

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