Premiada com um Emmy Internacional, a autora da nova novela global das 21h, Gloria Perez, fará em A Força do Querer, que estreia em 3 de abril, como sempre faz: escreverá sozinha toda a trama, do começo ao fim, sem co-autor nem assistente. “Flui melhor”, diz ela, ainda que o preço da solidão seja um erro de continuidade aqui, um furo no roteiro ali, como se viu em sua última novela, Salve Jorge, de 2012.
Ela vai assim na contramão da tendência na televisão, onde, até por uma questão de escala – haja capítulos – os autores de folhetins se agrupam para dar cabo de meses de trabalho. A novela ainda no ar, A Lei do Amor, é assinada por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. “Todos os escritores até pouco tempo escreviam sozinhos. Depois, alguns acharam mais fácil, mais prático escrever com mais gente. Eu não.”
Para espantar o ibope baixo que vem rondando as novelas, além de método próprio, Glória lançará mão de temas polêmicos, como identidade de gênero e vício em jogo. Durante a festa de lançamento de sua trama, em luxuoso hotel da Zona Sul carioca, ela explicou a opção por temas espinhosos. “Os assuntos que eu ponho nas minhas novelas são aqueles que, no momento, me fazem parar para pensar e, acredito, devam ser debatidos”.
Outra de suas tradições é colocar uma pitada de surrealismo à história: a protagonista, Ísis Valverde, fará Ritinha, uma mulher que acredita ser filha de um boto (isso mesmo) e trabalha em um aquário como sereia. “O sereismo é uma tendência mundial”, defende. “É um mito universal que encanta adultos e crianças. Acho fantástico uma pessoa ficar tanto tempo de baixo d’água, nadando com aquela cauda, como se vê em tanques de Las Vegas.”