Sem Maracanã à vista, Flamengo corre atrás de estádio da Gávea ao Parque Olímpico, mas esbarra em política e moradores

Sede da Gavea é preferido pela localização, mas moradores são contra
Sede da Gavea é preferido pela localização, mas moradores são contra Foto: Divulgação
Diogo Dantas

Há vida no Flamengo sem o Maracanã? Talvez. O clube só não sabe exatamente aonde. Erguer um estádio próprio depende de boa vontade política. Hoje, há pelo menos cinco opções na mesa da diretoria. Cada uma dependendo de um ente federativo e de uma administração pública diferente. Além do melhor projeto, o clube avalia a melhor localização. A Arena da Ilha, alugada por até cinco anos, dará tempo para tirar a ideia do papel.

O Maracanã ainda é a preferência número um. A cargo do Governo do Estado, o clube só aceitar voltar às negociações se uma nova licitação for lançada. Ao fincar essa bandeira, se vê obrigado a encontrar soluções. Por isso, estuda projetos para arenas de 45 mil pessoas em outros pontos do Rio.

Há alternativas em Niterói, que depende da prefeitura da cidade, na Gávea, em conversa com a Prefeitura do Rio, na área do Parque Olímpico, na Barra, sob jurisdição do Governo Federal. Além disso, um projeto em Pedra de Guaratiba trazido pelo ex-candidato a presidente Mauricio Rodriguez, que sofre resistência pela localização, assim como opções na Baixada Fluminense.

A diretoria do Flamengo informou, através do departamento de comunicação, que vem estudando e analisando com profundidade e responsabilidade diversos projetos, buscando a melhor solução definitiva.

“Tão logo haja uma definição sobre o projeto mais adequado, o Conselho Diretor (CODI), cumprindo suas prerrogativas estatutárias, levará o mesmo para apreciação dos demais conselhos do clube”, diz a assessoria do clube.

Associação de Moradores não concorda

A direção dá prioridade hoje ao projeto da Gávea, sede do Flamengo, mas enfrenta resistência da associação de moradores do bairro, apesar das novas estações de metrô. Evelyn Rosenzweig, presidente da Associação de Moradores do Leblon, avisa que a ideia de um estádio acústico não basta.

— Soubemos do projeto. Fechar aquela área, mudar a paisagem, é questão urbanística, não só barulho. Atrair dois domingos por mês vinte mil pessoas não é agradável. É um bloco de carnaval. Não é interesse nosso — pondera a moradora, que pretende, através da associação, interpelar novamente o clube depois de não ter resposta no caso da arena multiuso.

— Tem muitos sócios que sabem que existem opções. Essas pessoas precisam ser ouvidas — pede Evelyn.

Ex-candidato diz que interesses pessoais guiam escolha

À frente do projeto em Guaratiba, Mauricio Rodrigues, filho do ex-presidente Hélio Mauricio, deu contornos de política interna do clube ao tema. O conselheiro fez insinuações nos últimos dias de que os projetos atenderiam interesses pessoais e disse que o seu foi vetado por isso.

“Impedir-me de apresentá-lo deixa no ar a desconfiança de estar contrariando interesses pessoais”, escreveu Mauricio Rodrigues no seu Facebook. Procurado pela reportagem, Mauricio manteve a posição:

— Antes alegavam que a prioridade era o Maracanã. Agora estão falando em estádio na Gávea. A verdade é que meu projeto contraria grandes interesses pessoais. Não deveria ser assim, o Flamengo tem que estar acima de pessoas e grupos — afirmou.

Segundo ele, o grupo em questão o impede de mostrar o projeto no Conselho Deliberativo. O presidente do Conselho, Rodrigo Dunshee de Abranches, explica que a diretoria precisa aprovar os projetos antes de mandá-los para votação.

— A diretoria que tem competência legal e estatutária para encaminhar projetos para o Conselho Deliberativo do Flamengo. Se a diretoria não se interessa o conselheiro nada pode fazer a respeito disso. A gestão é da diretoria. Repito, cabe a ela encaminhar os projetos. Mas se ele quiser ir lá um dia falar sobre o projeto eu não tenho nada contra. Só a diretoria pode pedir que um projeto seja votado. Pois, cabe a ela analisar as propostas e depois de aprovado gerir a obra e as finanças da obra — explicou Dunshee.

A diretoria alegou, por sua vez, que em todos os casos são sempre levados em consideração critérios técnicos e institucionais, e que o projeto de Guaratiba foi analisado ano passado. O Flamengo conversa com a Prefeitura do Rio para que sejam atendidos os critérios. A subsecretária de Esporte Patricia Amorim, ex-presidente do clube, é quem está à frente das reuniões.

“A Prefeitura do Rio tem sido extremamente receptiva e tem demonstrado muito boa vontade com as pretensões do Flamengo. No entanto, é claro que ela irá agir com todo o rigor técnico que o trato da coisa pública exige. O Flamengo, como clube cidadão e sempre preocupado com o interesse da população, obviamente apoia incondicionalmente essa postura”, diz a comunicação do clube.

A Prefeitura não se posicionou.

 

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