Modelo que oferecia propina a prefeitos confessou crime

A modelo Luciane Lausimar Hoepers confirmou, em depoimento à Polícia Federal (PF), que oferecia propina a prefeitos para que eles investissem dinheiro de fundos de pensão de servidores municipais em títulos podres. Durante o interrogatório, semana passada, Luciane disse que pelo menos um prefeito aceitou o suborno.

A modelo é acusada de participar da organização do doleiro Fayed Antonie Traboulsi. Pelas investigações da polícia, a organização desviou R$ 50 milhões a partir de negócios suspeitos entre fundos de pensão municipais e estaduais com títulos de baixo valor de mercado.

Luciane foi uma das quatro “pastinhas” presa durante a Operação Miquéias, da Polícia Federal, quinta-feira passada. Elas eram mulheres bonitas usadas pela organização de Fayed para convencer prefeitos a aplicar recursos de fundos de pensão de servidores em títulos podres.

Luciane Lausimar

Segundo a polícia, as pastinhas indicavam os investimentos de alto risco para os prefeitos e, nos mesmos encontros, ofereceriam propinas como contrapartida, caso os negócios se concretizassem. A propina correspondia a um determinado percentual dos negócios que, em geral, envolviam milhões de reais.

Depois do negócio fechado, integrantes da organização deduziam as propinas e embolsavam boa parte do dinheiro investido. Pelas investigações da polícia, a compra e venda de títulos resultava sempre em prejuízo para os fundos de pensão e altos lucros para os intermediários.

No depoimento à delegada Andréia Pinho Albuquerque, a modelo confirmou que fez visitas a prefeitos em vários estados e que, durante os encontros, oferecia vantagens materiais aos administradores. Confrontada com informações da polícia, Luciane disse que pelo menos um dos prefeitos aceitou a propina.

Luciane foi indiciada por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A modelo foi solta na madrugada desta terça-feira depois de passar cinco dias presa. A Justiça decretou a prisão de 27 pessoas investigadas na operação. A polícia prendeu 23 e, depois dos depoimentos, soltou 14. Nove suspeitos ainda estão presos e quatro são considerados foragidos.

Entre os fugitivos está o economista Carlos Eduardo Lemos, um dos supostos chefes da organização. Lemos é um dos ex-diretores do Prece, fundo de pensão dos servidores da Cedae do Rio de Janeiro. Em maio deste ano, dois emissários do economista foram presos no aeroporto de Brasília quando tentavam embarcar com R$ 465 mil escondidos em meias, cuecas e mochilas com destino ao Rio de Janeiro. (O Globo)

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