Não há razão para eu estar em apuros, diz FHC

O Globo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) divulgou neste domingo nota em que nega irregularidades nas campanhas presidenciais de que participou em 1994 e 1998. Na nota, Fernando Henrique afirma que “falta objeto a ser apurado, além do que, se acusação houvesse, o eventual delito (falsidade ideológica) já estaria prescrito há muitos anos”. O ex-presidente diz ainda que não há motivos de ele estar em apuro.

“Ora, nas declarações do senhor Emílio Odebrecht no inquérito da Lava-Jato ele disse expressamente que não pratiquei “ilicitudes” e que nunca falou comigo sobre valores para a referida campanha. Tanto assim que um procurador que o escutava redarguiu: então esta parte do “anexo” não nos interessa. Não tenho portanto nada a negar. À afirmação de que como em todas as outras campanhas deveria ter havido uso de recursos não declarados seguiu-se a declaração, pelo mesmo depoente, de que não se lembrava a quem teria dado os recursos. Logo, não há razões para eu estar em apuro”.

Neste domingo, o GLOBO publicou matéria em que informa que 14 ex-presidentes latino-americanos são investigados na Lava- Jato. Além de Fernando Henrique, outros quatro ex-presidente vivos são citados em depoimentos de ex-executivos da Odebrecht em delação premiada: Dilma Rousseff (PT), Luiz Inácio Lulca da Silva (PT), Fernando Collor (PTB) e José SArney (PMDB).

Os delatores da Odebrecht afirmam que fizeram pagamentos ilícitos para as campanhas de Fernando Henrique em 1994 e 1998.

ÍNTEGRA DA NOTA:

“Uma vez mais vejo que o meu nome, e agora com retrato, aparece entre os presidentes “em apuros” com a Lava-Jato. Em matéria assinada por Martins Leon Spinoza, do “El “Comercio”, reproduzida em O GLOBO de hoje afirma-se que eu nego as acusações de que nas campanhas de 1994 e 1998, nas quais fui candidato à presidência, teria havido dinheiro de “caixa dois”.

Ora, nas declarações do senhor Emílio Odebrecht no inquérito da Lava-Jato ele disse expressamente que não pratiquei “ilicitudes” e que nunca falou comigo sobre valores para a referida campanha. Tanto assim que um procurador que o escutava redarguiu: então esta parte do “anexo” não nos interessa. Não tenho portanto nada a negar. À afirmação de que como em todas as outras campanhas deveria ter havido uso de recursos não declarados seguiu-se a declaração, pelo mesmo depoente, de que não se lembrava a quem teria dado os recursos. Logo, não há razões para eu estar em apuro

O Procurador Geral da República enviou as declarações – que são públicas – ao ministro do STF encarregado dos inquéritos. Este, como eu não tenho foro privilegiado, enviou-as ao juiz de primeira instância em São paulo, autoridade que tem alçada para decidir sobre o caso. Falta objeto a ser apurado, além do que, se acusação houvesse, o eventual delito (falsidade ideológica) já estaria prescrito há muitos anos…”

Fernando Henrique Cardoso

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