Menina revolta por não ir à escola devido a tiroteiro

A criança moradora da Maré que não pode ir à aula
A criança moradora da Maré que não pode ir à aula Foto: Maré Vive / Facebook
Ana Carolina Torres
 

O perfil no Facebook “Maré Vive” publicou, na manhã desta terça-feira, o relato de um pai que fala da reação da filha ao saber que não poderia ir à aula por causa de um tiroteio que aconteceu no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, onde ocorreu uma ação da Polícia Civil. No confronto com traficantes, um jovem de 20 anos, que estava com um fuzil, morreu baleado.

No desabafo, o pai diz que a menina chorou ao ouvir o barulho dos tiros: “Escuta esse barulho pai, é tiro de novo, né! Caramba não vai ter aula, e lágrimas descendo do rosto”. Já ele critica a operação policial por alterar a rotina de moradores: “Essa é minha filha, mais uma pessoa com a rotina alterada pela operação policial na Maré”.

Muitos moradores comentaram a postagem. A maioria fala da reação dos filhos nos momentos de tiroteio:

“Eu fico muito triste com isso. Tenho uma filha de 6 anos e ela, quando ouve tiros, coloca a mão no ouvido para não escutar. Ando com meu psicológico abalado por causa de tiros. É horrível. Só Deus por nós”.

“O futuro do nosso país depende dessas crianças. Triste realidade das nossas crianças da Maré que não pode nem ir ao colégio direito”.

“Tenho uma filha também, ela fica super nervosa quando tá tendo esses tiroteios, até passar mal ela passa”.

“A minha filha chora e fala que melhor tirar logo da escola. Ninguém tem paz nesse inferno”.

“Na moral, nós, moradores de favela, precisaríamos de um psicólogo, pois vivemos em adrenalina 24 horas por dia. Não é à toa que a maioria que tem infarto e AVC são pessoas que moram nesses lugares. Se isso ja deixa nosso sistema nervoso alterado, imagine de nossas crianças. Aqui nao é Síria, mais vivemos em guerra”.

Segundo a Secretaria municipal de Educação, estão sem atendimento na Maré 12 escolas, quatro creches e cinco Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) que atendem a 7.596 mil alunos. Uma escola estadual também suspendeu as aulas.

Ação da Polícia Civil no Complexo

O jovem William Carlos Costa Machado, de 20 anos, morreu após ser baleado no confronto. Segundo informações da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), ele chegou a ser socorrido mas não aguentou os ferimentos. Com ele, foram apreendidos um fuzil calibre 5.56 mm, carregadores, munições e uma mochila com drogas.

Ainda durante a operação, foram apreendidos mais um fuzil Israelense da marca Galil, calibre 5.56 mm, 12 carregadores de fuzil de diversos calibres, cerca de 7500 pinos contendo cocaína, 2800 sacolés de maconha, 50 quilos de maconha, 14 quilos de pasta base de cocaína, 5 quilos de crack, 8 rádios comunicadores, material de endolação e cadernos com a contabilidade do tráfico

Com o confronto no conjunto de favelas, quase oito mil estudantes estão sem aulas na Maré por causa dessa ação.

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