A miséria dos mineiros impressionou Vincent van Gogh. Mais ainda: ele se identificou ao extremo com os habitantes da Borinage, pintou o rosto de preto para ser um deles. Por fim, tomou o lápis e passou a documentar a vida das pessoas em torno de si, em desenhos canhestros.
No fundo do poço
Da mina Marcasse, na Borinage, hoje só restam ruínas, um vagão recorda tempos sombrios. É nele que Van Gogh entrou, para vivenciar de perto as condições de trabalho dos mineiros, a 700 metros de profundidade. Em carta ao irmão Theo, ele descreveu seu choque com a opressiva falta de espaço e escuridão.
Escuridão inicial
Após vários desvios, chegou à cidade holandesa de Nuenen, para onde seu pai foi designado como pastor. Vincent buscou abrigo junto aos pais, que só a contragosto o acolheram. Lá, permaneceu de 1883 a 1885. No período, ele retratou os lavradores e os campos da província de Brabante do Norte, ainda em cores escuras. Ele pintou de forma direta, sem embelezar, até mesmo um simples cesto de batatas.
Motivos singelos
Em Nuenen, hoje um subúrbio da metrópole Eindhoven, Van Gogh desfrutou uma vida simples. Ele descobriu as tecelarias caseiras como tema pictórico, assim como as edificações pequenas e singelas típicas da cidade. O pintor ainda principiante trabalhou todo um inverno nos esboços de “Os comedores de batatas”, até ficar satisfeito.
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Natureza e trabalho
Nasceram obras cheias de melancolia, algumas ainda anatomicamente imperfeitas. Mas ele pintou pelo menos um quadro por dia. Em Nuenen, ele teve até mesmo um ateliê próprio – um enorme luxo. A residência do pastor (foto) dava vista sobre a despojada cabana de jardim em que Van Gogh trabalhava.