Depois de soltar duas vezes um empresário com quem tem uma relação pessoal e virar alvo de um pedido de suspeição por parte do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes acusou o MPF de “tentar inibir o Supremo”.
Gilmar foi padrinho de casamento da filha de Jacob Barata Filho, o chamado “rei do ônibus” no Rio de Janeiro, já recebeu flores do empresário e tem um cunhado que é sócio do investigado.
Em entrevista ao jornalista Josias de Souza, do UOL, Gilmar disse que o Ministério Público quer “botar medo nas pessoas que concedem habeas corpus”. “Isso é uma ameaça à garantia das pessoas. O Ministério Público tentou, naquele pacote das dez medidas, proibir praticamente o habeas corpus. Sou uma voz contra isso”, argumentou.
Para o ministro, o pedido de suspeição contra ele feito por Janot é baseado “num falso escândalo”. “No caso específico, estou absolutamente tranquilo. Nós conhecemos este senhor no dia do casamento [da filha do empresário, Beatriz Barata, com Francisco Feitosa Filho, sobrinho de Guiomar Mendes, mulher do ministro]. Sei lá por que ele mandou flores em 2015 para Guiomar e para mim. Pode ter sido por alguma declaração que eu dei. Não recebo apenas flores, recebo xingamentos também”.
O ministro também tentou desqualificar Janot. “Acho que Janot é mais um legado do petismo. Indicaram um sindicalista para ser procurador-geral da República. Qual é a especialidade do Janot? Você não sabe. É direito constitucional? Não. É direito penal? Não. O maior ponto do currículo dele é ter sido presidente da Associação dos Procuradores”, provocou.