Corrupção está incorporada à rotina do país, diz presidente da OAB

Logo após a prisão, em Salvador, na última sexta-feira (8), do ex-ministro (governos Lula e Temer) Geddel Vieira Lima (PMDB), a quem se atribui a propriedade de R$ 51 milhões de reais que estavam escondidos no apartamento de um amigo, na capital baiana, a Ordem dos Advogados do Brasil divulgou uma nota dizendo que a corrupção, infelizmente, está incorporada à rotina do país.

O dinheiro foi encontrado pela Polícia Federal e teria sido recebido por Geddel a título de propina durante o período em que era um dos vice-presidentes da Caixa Econômica Federal. Segundo a PF, impressões digitais do ex-ministro foram encontradas no local.

Segundo o presidente da OAB, Cláudio Lamachia,
“trata-se de um escândalo dentro do escândalo” fazendo com que “o cidadão-contribuinte, que paga a conta de tais desmandos, não entenda como quantias estratosféricas circularam no sistema bancário, com frequência e desenvoltura, sem que os órgãos incumbidos de monitorá-las tenham cumprindo esse dever elementar”.

Ele disse também que se os órgãos de fiscalização e controle tivessem cumprido sua missão “tais aberrações não teriam assumido as proporções a que assistimos, levando o país à maior crise política, econômica e moral de sua história”.

“Os mecanismos de controle existem e o correntista comum a eles se submete, enfrentando muitas vezes excessivo rigor burocrático. O mesmo, porém, não ocorreu em relação aos criminosos de colarinho branco, como tem testemunhado a população brasileira, no curso das investigações da Lava Jato e tantas outras”, afirma a nota da OAB.

Que logo em seguida acrescentou: “Como se explica o trânsito de malas e malas com dinheiro vivo, na escala dos milhões, como as encontradas no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima? Sabe-se que o saque bancário, além de determinado limite, exige esclarecimentos, que os titulares daquelas fortunas não prestaram. O país exige essa explicação”.

E conclui: “O depoimento do ex-ministro Antônio Palocci e os inacreditáveis áudios de Joesley Batista, da J&F, revelam que contaram com a cumplicidade de operadores no âmbito do Estado e do sistema financeiro. E não apenas: segundo a Procuradoria-Geral da República, sob o comando da própria Presidência da República. Nada menos que três ex-presidentes estão denunciados ao Supremo Tribunal Federal, por, entre outros delitos, corrupção passiva e formação de quadrilha. Jamais se viu nada igual!”

“Sem que tudo isso se esclareça, e com urgência máxima, o manto da suspeição continuará a cobrir o conjunto das instituições do Estado, o que é trágico para a democracia brasileira”.

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