A farra das pesquisas da Babesp

Por Jairo Costa Júnior, com Luan Santos

Levantamento feito pela Satélite junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta o deputado estadual Marcelo Nilo (PSL) como contratante de 71% das pesquisas realizadas pela empresa Babesp nas três últimas disputas e registradas na Justiça. O número reforça os indícios que basearam a Operação Opinião, deflagrada ontemcontra o parlamentar por suspeita de praticar caixa 2 e de ser o verdadeiro dono da Babesp, e não Roberto Pereira Matos, servidor do estado e sócio do instituto, também alvo da investigação. Nas eleições de 2012 e 2014, o então presidente da Assembleia Legislativa foi o único cliente a utilizar os serviços da Babesp.

Conta única
Na sucessão municipal de 2012, Marcelo Nilo bancou com recursos próprios todas as 15 pesquisas oficiais da Babesp naquele ano, realizadas em Salvador, Camaçari e mais cinco cidades. O custo informado foi de R$ 80 mil. Em 2014, a campanha de Nilo pagou R$ 260 mil por dez sondagens feitas pela empresa sobre a corrida presidencial e estadual. Porém, só cinco delas aparecem na prestação de contas apresentada por Nilo ao TSE.

Nome de guerra
Apelidada de “Datanilo” pela proximidade com o parlamentar, a  Babesp só deixou de ter o ex-presidente da Assembleia como cliente exclusivo nas eleições de 2016, dois anos após a Satélite revelar que a Casa custeava parte dos estudos para um dos filhos do dono do instituto. Na disputa passada, Marcelo Nilo encomendou somente três das 14 pesquisas registradas pela Babesp na Justiça Eleitoral. O valor dos serviços que teriam sido pagos por ele também caiu substancialmente. De acordo com os dados divulgados pelo TSE, os contratos totalizaram R$ 11 mil.

Por tabela
A operação contra o ex-todo-poderoso da Assembleia provocou inquietação no Palácio de Ondina. Para cardeais do governo Rui Costa (PT), o problema nada tem a ver com a relação entre Marcelo Nilo e a Babesp. O temor vem de eventuais desdobramentos que podem surgir a partir dos documentos e arquivos digitais apreendidos pelos agentes federais durante a devassa no gabinete do diretor de Gestão Corporativa da Embasa, o advogado Marcelo Dantas Veiga, genro do deputado estadual e alvo secundário da operação autorizada pelo TRE.

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