Milagres de Aparecida: após Mundial, Ronaldo ‘deixa’ joelho na Basílica
Superação é a palavra-chave para resumir a vida de Ronaldo. Por três vezes as lesões tentaram abreviar a carreira do Fenômeno. Porém, por três vezes o atacante teve forças para dar a volta por cima. Mas Ronaldo não conquistou as vitórias sozinho. Na busca para ter condições de jogar a Copa do Mundo de 2002, o atleta apostou na fé e fez uma promessa a Nossa Senhora Aparecida. O pentacampeonato do Brasil, no Japão, chegou acompanhado dos oito gols que lhe renderam o prêmio de artilheiro. Na final contra a Alemanha, o Fenômeno deixou sua marca duas vezes. De atacante desacreditado, Ronaldo voltou a figurar entre os melhores do mundo e ser disputado
A prova da fé de Ronaldo Fenômeno, que conquistou por três vezes o posto de melhor jogador do mundo, está exposta na Sala das Promessas da Basília de Aparecida, no Vale do Paraíba, interior paulista. Em 9 de maio de 2002, o atacante visitou o Santuário Nacional, rezou, acendeu velas e fez uma promessa para que seus joelhos – os dois operados – suportassem o desafio. No dia 30 de julho foi a vez de agradecer. Com uma peça de cera no formato de seu joelho, uma camisa autografada e a bola da Copa, ele voltou a Aparecida e, em troca, recebeu uma réplica da imagem da Padroeira.
Os itens deixados por Ronaldo estão expostos em uma vitrine especial e são os mais visitados da “ala esportiva” da Sala das Promessas, segundo o padre Valdivino Guimarães, prefeito de igreja do Santuário Nacional.
– É a relação do esportista com Nossa Senhora Aparecida. O brasileiro é muito devoto de Nossa Senhora. É muito claro isso para nós. Não temos dúvida de que o jogador brasileiro tem uma fé muito forte. O Ronaldinho é muito conhecido e colaborou para o Brasil ter muitas vitórias. É o item mais procurado na sala das promessas. Duas peças são muito procuradas: a camisa do Ronaldinho e o capacete do Ayrton Senna, que na verdade é uma réplica do capacete – afirmou.
Ascensão fenomenal
Tudo na carreira do Fenômeno foi precoce. Aos 17 anos, foi considerado uma promessa do Cruzeiro e acabou convocado por Carlos Alberto Parreira para integrar a seleção brasileira que faturou o tetracampeonato, em 1994. Os gols marcados pela Raposa fizeram com que Ronaldo atraísse os olhares europeus e, logo após o Mundial dos Estados Unidos, o adolescente magrelo e com dentes separados acabou vendido ao PSV Eindhoven, da Holanda.
Foram dois anos na Holanda e 54 gols marcados em 57 jogos. O suficiente para que o atleta, antes dos 20 anos, fosse vendido a peso de ouro ao Barcelona, no meio da temporada 1995/1996. Ainda apelidado de Ronaldinho, brilhou, e logo em seu primeiro ano na Catalunha ganhou o prêmio da Fifa de melhor jogador do mundo. Com o prêmio, surgiu o apelido de Fenômeno e uma proposta milionária do Internazionale de Milão, para onde se transferiu no início de 1997.
Liderando o Inter de Milão rumo ao título italiano, Ronaldo conquistou por duas vezes o prêmio da Fifa de Melhor Jogador do Mundo. Grande esperança do penta durante a Copa da França, teve convulsões antes da final contra os anfitriões e viu o Brasil ser derrotado por 3 a 0. Começava uma virada na carreira do Fenômeno, que exigiria mais do que apenas talento.
Os gritos da dor do Fenômeno ecoaram pelo mundo. Ao tentar aplicar um drible contra o zagueiro Jaap Stam, do Lazio, o tendão patelar do joelho direito se rompeu em abril de 2000. A gravidade da lesão fez com que a carreira do atleta fosse colocada em xeque. O retorno ao auge para a Copa do Mundo de 2002 era quase improvável. Ronaldo só voltou a vestir a Amarelinha três meses antes do Mundial. Antes disso, em 1999, já tinha passado por uma cirurgia no joelho esquerdo que lhe havia afastado por cinco meses do gramado.
Foi a hora de recorrer à fé. Ele fez promessas, pediu a Nossa Senhora Aparecida e raspou o cabelo à la Cascão. Valia tudo para apagar o fiasco de 1998 e voltar a figurar entre os melhores do mundo. Dito e feito: oito gols marcados. No prêmio anual da Fifa, acabou eleito pela terceira vez o melhor do mundo.
Após a Copa, o Fenômeno voltou a Aparecida para pagar a promessa. O atacante estava pronto para voltar aos melhores times do mundo e foi vendido ao galáctico Real Madrid no início da temporada 2002/2003. Atuou cinco anos no clube merengue. O Milan o contratou em 2008, mas lá pouco jogou. Acabou sofrendo nova lesão, que exigiria fé e superação. Foi a terceira briga dele contra uma lesão grave. E mais uma vitória.
Com pouca probabilidade de voltar a jogar, o atacante não renovou contrato com o Milan. Voltou para o Brasil, onde passou um tempo treinando com o Flamengo para melhorar a forma física. Em dezembro de 2008, no entanto, quando seu retorno à Europa parecia certo, o Fenômeno acertou com o Corinthians. Visivelmente acima do peso, Ronaldo foi muito questionado. Mesmo com os quilinhos a mais, se tornou nome fundamental nos títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. Em 2011, decidiu se aposentar. Atualmente, é presidente de uma das principais agências de marketing esportivo do Brasil.
Fonte: Ne10