Sex shop intinerante

Letycia Cardoso

Criativa, corajosa e empoderada. Pâmella Soares, estudante da Universidade Federal de Brasília, enxergava o sexo como tabu até começar a trabalhar em um sex shop. Ela percebeu como o assunto também era uma barreira para outras pessoas e criou o Foda Truck: carrinho com itens eróticos que percorre bares e festas de Brasília.

Tudo começou quando a jovem, de 23 anos, resolveu criar um diário nas redes sociais para contar histórias engraçadas e estranhas que vivenciava em seu emprego. A cada dia, a conta ganhava mais seguidores, os quais se sentiam à vontade para mandar perguntas sobre os produtos. Pâmella percebeu, então, que aquele era um público em potencial.

Foto: Michel Filho / Agência O Globo

-Comecei a ver que as pessoas tinham muita vergonha de entrar em sex shop e a ideia do “Foda” era tornar tudo mais informal, abordar as pessoas de forma natural, como se fosse uma conversa de bar.

A estudante chamou uma amiga para ser sua sócia e, juntas, pesquisaram diversos fornecedores para descobrir produtos incomuns e que pudessem oferecer um diferencial para a marca; além disso, customizaram um carrinho de supermercado para abrigar as mercadorias e começaram a percorrer a capital a partir de junho. O investimento inicial foi de 700 reais e, até hoje, todo o faturamento é reinvestido na própria empresa.

-Eu ainda moro com meus pais, o que me dá segurança para arriscar e investir tudo o que posso no meu negócio. Meu objetivo é expandir o serviço para outros estados do Brasil

Foto: Michel Filho / Agência O Globo

Pâmella admite que começou seu empreendimento sem muito planejamento e que o transporte é um fator que deseja melhorar.-Hoje, eu trabalho sozinha. Então tenho que colocar o carrinho dentro do meu próprio carro e levar para os lugares. A minha vontade é, futuramente, ter uma Kombi toda estilizada para transportar as peças.

Para a empreendedora, o segredo do sucesso é a comunicação com seus clientes, tanto nas redes sociais quanto em bares e festas. Segundo ela, quando o carrinho passa, geralmente, as pessoas imaginam que sejam cigarros ou balas, mas quando descobrem que se trata de produtos eróticos, todos ficam surpresos e curiosos.

-As pessoas são abertas, elogiam a ideia e conversam comigo como se eu fosse uma amiga. Infelizmente, já passei por algumas situações de assédio, mas no geral, as pessoas são receptivas.

Foto: Michel Filho / Agência O Globo

O especialista em empreendedorismo do Instituto Millenium Paulo Gontijo acredita que o sex shop itinerante tem muito potencial, por ser uma ideia inusitada e por Pâmella possuir experiência nesse mercado, o que facilitaria a peneira de produtos e fornecedores. Entretanto, para que o empreendimento cresça ou até sobreviva, são necessárias algumas mudanças:

-Essa jovem precisa apresentar o negócio de forma mais profissional, enxergá-lo como uma empresa e não como um quebra-galho. Ela foi visionária, mas corre o risco de perder a ideia para alguém que faça melhor.

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual, esse comércio movimenta em torno de um bilhão de reais anualmente no país e, este ano, cresceu cerca de três porcento, apesar da crise.

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