Justiça decreta prisão preventiva de suspeito de atentado em Jacobina
Bomba caseira foi lançada contra lanchonete no dia 8 de agosto deste ano. Ex-namorada foi uma das seis vítimas do crime. Motivo foi passional
Foi decretada a prisão preventiva do suspeito de explodir uma lanchonete em Jacobina, região norte da Bahia, no mês de agosto, atentado que deixou seis pessoas feridas, entre elas, uma criança e uma adolescente, segundo informações do Ministério Público da Bahia, órgão que fez a denúncia, nesta sexta-feira (11).
A decisão é do juiz Joanisio Dantas Júnior. Para o MP-BA, a partir dos argumentos da promotora Milena Moreschi de Almeida, a liberdade dele pode afetar a ordem pública e a instrução criminal. O suspeito é ex-namorado de uma das vítimas e teria cometido o crime de forma passional, por não aceitar o fim do relacionamento, de acordo com a polícia. Segundo a Promotoria, a ex evita falar sobre o rapaz por receio.
O artefato lançado contra a lanchonete era caseiro – uma bomba junina amarrada em garrafa pet cheia de gasolina. O inquérito aponta que ele foi reconhecido por uma das testemunhas, afirma a promotora responsável. As vítimas sofreram queimaduras de 1° e 2° graus.
O MP acrescenta que a bomba foi lançada para o estabelecimento cinco minutos após a última ligação do celular do suspeito ter sido rejeitada pela ex-namorada. Ele vai responder por tentativa de homicídio por motivo torpe, com meio cruel, dificultando a defesa das vítimas.
“Além dos depoimentos das testemunhas e do interrogatório do denunciado, as provas periciais e documentais mostram-se fartas para prova da materialidade dos fatos e dos indícios de autoria do delito”, afirma Milena Moreschi na denúncia.
Suspeito confessa
O suspeito confessou o crime para o delegado José Rogério no dia 13 de agosto. “Ele foi preso com mandado de prisão. Recebemos informações através dos depoimentos das testemunhas e foi-se visualizando os traços característicos dele. Após a prisão, ele contou o passo a passo do crime, até o momento da conclusão”, relatou o delegado.
Segundo a polícia, o crime, que ocorreu no dia 9 de agosto, foi passional. “Ele não aceitou que ela [ex-namorada] o largasse. Ele já jogou uma moto contra ela. A ameaçava. Ele disse que a mataria se ela conseguisse outro namorado”, acrescentou.
A polícia descreveu que o homem utilizou uma garrafa de refrigerante com gasolina como bomba. “No dia do fato, ele passou a procurá-la o dia inteiro. A partir das 8h, começou a ligar e monitorá-la. Quando viu o carro do pai dela parado, foi aí que ele sentou na escadaria da lanchonete e começou a montar o artefato. Foi uma garrafa de guaraná cheia de gasolina em que ele amarrou uma bomba junina. Depois ele ficou embaixo de uma árvore, olhou onde ela [a ex-namorada] estava sentada, acendeu e arremessou. A intenção era atingir. A intenção dele era matar”, descreveu. A polícia descartou o envolvimento de outras pessoas no crime.
“Estou viva”
Mesmo com as marcas no rosto, no corpo e na memória, Rebeca Coelho sorri. Ela foi uma das vítimas do atentado a bomba.
“Eu estou viva. As cicatrizes, com o tempo, passam. Eu queria agradecer muito ao apoio dos meus amigos, que em todo o momento me ligavam. Foi muito importante, foi muito bom”, disse.
“Eu me recordo muito das meninas, principalmente da força. A menina de 9 anos com praticamente 80% do corpo queimado, ela em nenhum momento chorava lá no hospital. Ela dava força para todo mundo e estava muito preocupada com o pai. Ela perguntava se estávamos bem. Camila [outra vítima], estava mais nervosa, com a boca cheia de sangue e muito queimada também”, contou.
Outra vítima, que prefere não se identificar, protegeu Rebeca durante a explosão. As marcas ficaram no corpo, no braço e na perna.
“Foi rápido demais, só deu tempo de ver a bomba e minha amiga que estava perto de mim, eu peguei no pescoço dela e joguei meu corpo em cima do dela, para proteger. Me recordo que, quando olhei para trás, vi a menina, a mais velha de 18 anos, pegando fogo nas mãos e o pai, que já tinha saído, retornou para pegar a criança, que estava se batendo, sem chorar nem nada, só se batendo. E ele saiu com a menina na mão e depois não me lembro de mais nada, só de estar no hospital”, conta.
Duas irmães sofreram queimaduras e foram transferidas para Salvador; outras pessoas de 19, 22, 26 e 36 anos, foram encaminhadas para o Hospital Antônio Teixeira Sobrinho, em Jacobina.
Fonte: G1