Temer impõe ao país emoções de trem fantasma

Josias de Souza

Desde que a Lava Jato escancarou a evidência de que o sistema político jogou a moralidade ao mar, o brasileiro vem sendo submetido às emoções de um trem fantasma. Neste início de 2018, os passageiros recebem uma dose cavalar de adrenalina. Em menos de 48 horas, o maquinista Michel Temer produziu, numa única manobra, um encadeamento inacreditável de sustos.

Descobriu-se que, além de não mandar nos ministérios, Temer não manda em si mesmo. É comandado por José Sarney, que vetou o ministro que a bancada do PTB indicara para a pasta do Trabalho. Após revelar ao país que Sarney está vivo e continua no comando, Temer ressuscitou o ex-presidiário Roberto Jefferson. O velho Jefferson, estrela do mensalão, enfiou no Ministério do Trabalho a filha Cristiane Brasil, mencionada um par de vezes nas delações do petrolão.

Com os nervos já estilhaçados, o brasileiro soube que a vaga da filha de Jefferson na Câmara será ocupada por Nelson Nahim, um suplente condenado a 12 anos de cadeia num caso que envolve exploração sexual de menores numa casa onde havia vigilância armada e consumo de drogas. Libertado da prisão pelo STF, o personagem desfilará pelo Congresso como mais novo governista. Mais assustador do que isso apenas a constatação de que a viagem de Temer vai durar até 1º de janeiro de 2019, sem que haja nenhuma clareza sobre o susto que sairá das urnas de 2018.

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