Apresentador cria torcida organizada gay

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Iran Giusti

Corintiano apaixonado, o apresentador Felipeh Campos , 39, quer juntar a bandeira do Timão com a do arco-íris – o colorido símbolo do movimento LGBT. Ele está criando uma torcida gay para o Corinthians, a Gaivotas Fiéis. Campos acredita que sua iniciativa vai ser bem recebida no universo do futebol.

“Vejo muitos homossexuais nos estádios, sempre inseridos entre os héteros, nunca vi nenhum tipo de homofobia”, explica.

Um dos debatedores do programa “Mulheres”, da TV Gazeta, Campos ficou conhecido nacionalmente em 1999, ao atuar como dublador Pablo no programa “Qual é a Música?” (SBT). O personagem chamava atenção pela borboleta pintada com maquiagem em seu rosto. Campos leva muito a sério sua paixão pelo esporte de Neymar e companhia.

“Sou completamente aficionado por futebol, entendo muito, acompanho campeonatos, vou a estádio e, principalmente, leio muito sobre negócios que envolvem o esporte”, destaca o apresentador, ressaltando o seu interesse pelo aspecto financeiro do futebol.

“Junto meus amigos para ver futebol, há dois anos tenho trabalhado no projeto da organizada. Todo mundo vai sair ganhando com a torcida. Se 5 milhões de gays se juntam na Paulista uma vez por ano, imagine se metade disso for para os estádios”,pondera Campos, inflacionando o público da Parada Gay de São Paulo, cujo o recorde o público registrado pelo Guiness Book foi de 2,5 milhões, em 2006.

O amor pelo Timão é uma herança familiar. “Minha família é corintiana roxa. Roxa não, rosa”, brinca Campos, às gargalhadas.

“Amo o Corinthians, gosto de assistir aos homens correndo. O estádio é uma grande manifestação gay. São milhares de homens vendo outros 22 homens correr. Eles se animam, se abraçam, só falta se beijarem na boca. Tem hora que você pensa que está na (casa noturna) The Week”, provoca o apresentador.

Campos garante que a Gaivotas Fiéis tem o aval do clube, apesar da inexistência de um vínculo oficial com o Corinthians. Ele diz ainda que já tem reunião marcada com a diretoria da Gaviões da Fiel, a maior e mais famosa torcida organizada do Corinthians.

“Eu conversei com o clube, eles adoraram a ideia, apesar de não ser oficial. Até porque nenhuma torcida organizada tem relação direta com o time. Nesta semana pretendo fazer reuniões com a Gaviões para alinhar algumas coisas”, promete Campos.

O apresentador está otimista e aposta alto na atração de torcedores para a Gaivotas, pretendendo atrair 50 mil inscritos num primeiro momento, chegando a até 500 mil membros nos próximos anos. “Não vou catequisar gay, nosso plano é montar uma torcida e ir para o estádio. Não importa que ela precise ser escoltada. Se cada um ficar na sua, não vai ter briga.”

O selinho de Sheik

O otimismo de Campos contrasta com um caso recente de flagrante homofobia na própria torcida do Corinthians. No dia 18 de agosto deste ano, o jogador corintiano Emerson Sheik comemorou a vitória do seu time dando um selinho no amigo Isaac Azar, dono de um restaurante no bairro do Jardins, em São Paulo. Ele colocou uma imagem do beijo numa rede social, com a seguinte frase:
“Tem que ser muito valente para celebrar a amizade sem medo do que os preconceituosos vão dizer.”

O gesto carinhoso e simpático provocou a ira de muitos torcedores do time, que foram às redes sociais para protestar contra Sheik, desfilando uma série de comentários homofóbicos. Alguns corintianos, poucos, diga-se de passagem, chegaram a ir até a porta do clube para mostrar o seu repúdio ao gesto de Sheik com faixas com os dizeres: “Vai beijar a PQP. Aqui é lugar de homem” e “Aqui é lugar de homem”.

Por outro lado, esses atos de intolerância de alguns provocaram uma reação positiva de torcedores que respeitam a diversidade sexual. Eles criaram o movimento virtual “Dê Um Selinho Contra a Homofobia e Machismo”, que consistia em postar fotos de pessoas do mesmo sexo se beijando na boca, mesmo que elas não formassem casais ou fossem gays.

Em abril deste ano, internautas criaram também várias torcidas organizadas virtuais no Facebook anti-homofobia, a mais célebre delas foi a GaloQueer, de fãs do clube Atlético Mineiro. O Timão ganhou uma também ganhou a sua, a Corinthians Livre, em funcionamento até hoje.

Fonte:iG

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