Wagner anuncia candidato até o dia 15

Jaques Wagner
Jaques Wagner

O bate-papo franco é uma das características mais elogiadas do governador Jaques Wagner. Tanto que até adversários admitem. Numa conversa sobre governo, investimentos, finanças, eleições e política, Wagner não se escusa de responder a nenhum questionamento.

Comemora a atração de investimentos para a Bahia – cita as últimas conquistas, de quase R$ 600 milhões, na Alemanha –, exemplifica ações do estado para melhorar a infraestrutura e demonstra, no discurso, o que os aliados entoam: será o condutor do processo de sucessão.

“Não posso ter definido a chapa como um todo porque sequer a cabeça de chapa está definida, a não ser que seja do PT. Eu acho que a gente tem que se preparar para ter uma chapa mais competitiva. Não dá para a gente ficar organizando o jogo de acordo com o nosso interesse porque a vida real não é assim”, sinaliza o governador.

E, apesar do republicanismo, pontua que não pretende ter duas candidaturas dentro da base. “Só para ter claro, Lídice é da base, mas no momento que ela sair candidata com uma candidatura nacional outra, não são duas candidaturas da base. Até porque eu não vou fazer nenhum tipo de palanque duplo”, reitera Wagner. No aniversário da Tribuna, o chefe do Palácio de Ondina celebra o que está posto e o que está por vir para a Bahia.

Tribuna da Bahia – O que é que o senhor traz de concreto dessa viagem rápida para a Alemanha?
Jaques Wagner –
 Na verdade, foi uma viagem para participar da Feira K, que é a feira dos plásticos e da química que acontece de três em três anos lá em Düsseldorf, é a maior do setor. E onde grandes investimentos são mostrados, e nós fomos confirmar, com a ABS, um plástico muito importante para a engenharia, para peças de carros e várias utilidades. Ela estava escolhendo um local no Brasil e a gente conseguiu bater o martelo com essa fábrica, que só ela significa um investimento de R$ 400 milhões e é uma coisa importante porque ela vai aumentando a cadeia de plástico aqui na Bahia e tende a trazer mais empresas na área de transformação do plástico. Ou seja, quem produz usando esse insumo estaria atraído a vir para cá em função de quando ela começar a funcionar, que eu creio que é para 2015 você ter esse produto aqui também. Esse investimento foi o mais importante, um pouco acima de R$ 400 milhões, e, ao mesmo tempo, em função exatamente desse investimento, a gente confirma um investimento de mais de R$ 120 milhões da Styreno, que é para a ampliação do insumo que esta fábrica necessita. Então estamos falando que a cadeia fica importante e a central de matéria-prima também faz outra ampliação da ordem de uns R$ 80 milhões. Juntos, estamos falando de R$ 600 milhões a mais de investimento no Polo Petroquímico e também reposicionando o Polo. Eu me lembro que, quando aconteceram os 30 anos do Polo, eu falei que o desafio era o “Polo mais 30”, e isso vem acontecendo. Acabamos de ter o investimento da Basf na cadeia do aço e do acrílico. É uma nova vertente e que trouxe também os transformadores, no caso aqui a Kimberly-Clark, aproveitando a vantagem que o superabsorvente traz, e agora, com essa cadeia do ABS, do plástico, que, na minha opinião, pode abrir um horizonte bastante grande das empresas de transformação, que são as empresas que, em geral, geram até mais empregos do que as químicas e petroquímicas, porque elas são capital intensivo; a transformadora, em geral, usa mais mão de obra.

Tribuna – Reta final do governo, porque falta pouco mais de um ano. A atração de investimentos pode se colocar como uma marca dos seus dois governos?
Wagner 
– Olha, eu não tenho dúvidas. Nós contabilizamos 400 empreendimentos novos, de pequeno a grande, e de empreendimentos ampliados, mais de 100. Então, são mais de 500 investimentos novos, entre ampliação e totalmente novo, que a gente trouxe em seis anos e nove meses de governo. Por isso é que a consequência é que a gente tem uma geração de emprego que até agora tem se mostrado extremamente poderosa. São 540 mil empregos gerados em seis anos e nove meses de governo, bem mais do que nos períodos anteriores. O que é importante verificar é que a gente não está ficando refém de uma única área da economia baiana. A gente está ampliando o agronegócio, a gente está ampliando a indústria, estamos ampliando serviços de turismo. Ou seja, não tenho dúvida nenhuma que a gente vai entregar em 2014 um estado muito mais robusto do ponto de vista da sua economia do que aquele que recebi em 2007. A gente soube aproveitar esse momento positivo do Brasil, que, evidentemente, tudo roda de acordo com aquilo que acontece a nível nacional. Está aí um estaleiro novo, ou seja, recuperamos a indústria naval; taí a indústria de vinhos, crescendo, fazendo novas experiências na região da Chapada; o agronegócio super bem posicionado; na área de indústria aqui que falei, muito investimento chegando; de turismo acabamos de conseguir lá na Anac o licenciamento de mais 20 voos por semana para fora do país, então, no nosso tempo, um voo para os Estados Unidos diário, um voo para Madrid, para a Argentina, o Uruguai, Chile, para Córdoba – na Argentina, mas fora da capital. Eu creio que a gente está ampliando, está aí a Fonte Nova, que, de qualquer forma, é um investimento para a atração de grandes eventos, não só na área esportiva, muito importante; vamos fazer o centro de excelência em judô, agora em Lauro de Freitas. Eu considero que realmente é uma marca a atração de novos investimentos, que eu acho que tem muito a ver também com o fato de como a gente se posicionou, a figura do estado baiano é outra, é um estado que eu diria muito mais leve do que era o estado na concepção anterior, que era um estado muito intervencionista sobre a iniciativa privada, que muitas vezes até amedrontava as pessoas de vir e mobilizar.

Tribuna – A insegurança jurídica é uma coisa que preocupa. O senhor teme que isso afaste novos investimentos da Bahia?
Wagner
 – Eu diria assim: nós temos um sistema jurídico e tributário extremamente burocratizado, mas eu não considero que há uma insegurança jurídica no país. Nós vivemos numa democracia, o Judiciário funciona, é óbvio que, no período da presidenta Dilma (Rousseff), era tarefa necessária fazer essa modernização da estrutura de portos e ferrovias, nós na verdade estamos abrindo muito mais para a iniciativa privada investimentos que estavam mais na mão do estado. A Lei dos Portos agora – eu concordo que uma lei nova, até pela surpresa que ela representa, pode ter um primeiro momento que as pessoas querem se inteirar melhor da lei, mas não vejo insegurança jurídica. A gente teve aqui o leilão da licitação do metrô, apesar de que São Paulo deu vazio, o nosso a gente conseguiu que a maior empresa dessa área de construções ganhasse o leilão com 5% de desconto, já assinamos o contrato. Na parte de energia eólica, ao contrário, tem mais gente vindo para cá. Então, para falar da minha experiência como governador, eu sinceramente não vejo isso. As pessoas questionam algumas mudança, eu acho que é natural no jogo democrático, você muda a regra, alguns se sentem melindrados, mas a verdade é que existe uma regra e essa regra vale. É óbvio que quando você tem uma instabilidade no mundo inteiro, do ponto de vista da economia, pode ser que os investidores estejam mais cautelosos, mas, sinceramente, eu não tive até o momento nenhuma negativa daquilo que estava pré-assinado. Ao contrário, Alagoinhas se consolidou como um polo cervejeiro, eu acho que a gente ainda vai ter novas ampliações nessa área, a indústria petroquímica está para lá de consolidada, automobilística também, com a chegada de mais uma fábrica, no caso a JAC Motors e a Foton, que está trabalhando para vir. Eu acho que a gente tem muita coisa para fazer, só de investimentos em mobilidade urbana que vamos ter na capital, entre federal, estadual e privado, nós vamos botar perto de R$ 7 bilhões. É muito dinheiro. Estamos preparando a segunda pista do aeroporto de Salvador, estamos com a licitação na rua do aeroporto de Vitória da Conquista, estamos tentando trazer mais linhas regionais, o aeroporto de Feira também vai se transformar num aeroporto efetivamente, não num aeródromo como é hoje. Na área imobiliária, eu reconheço que com toda essa confusão do PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) é verdade que ninguém está com segurança de investir, ninguém sabe a regra que rege a nossa capital nessa área. Nós, que já tínhamos tido um boom imobiliário, é evidente que com essa dúvida que está pairando sobre a cidade deu uma travada completa nessa área, então talvez seja a área que mais foi afetada do ponto de vista de novos investimentos, que poderiam estar vindo, como hotelaria para a Copa do Mundo, mas, sem regra, está realmente difícil o investidor tomar decisão. Aliás, tinha gente que já tinha começado o investimento e teve que parar. Eu não sei como é que vai ficar, eu me preocupo porque do jeito que até agora está julgado pode ser que até as nossas obras, que são de absoluto interesse da cidade, possam ser questionadas, não sei. Eu ouvi dizer que o Ministério Público iria rever cada uma dessas obras. Aí, sim, é uma loucura total, porque tem o metrô, tem todos os viadutos que estamos fazendo para mobilidade, isso tem que ser equacionado pelo Judiciário e principalmente pela Câmara para que a gente possa ter tranquilidade e os investidores investirem aqui.

Tribuna – Governador, há uma movimentação dentro do PT para a definição imediata da candidatura que o sucederá em 2014. O senhor já se definiu, como é falado, pelo secretário Rui Costa?
Wagner 
– Repare, eu só posso dizer que me defini quando essa decisão sair do próprio PT. Eu não sou um ente à parte do meu partido, a natureza do PT é uma natureza de muito diálogo e debate interno, essa questão está acontecendo. É evidente que eu sei que a minha opinião pesa, por eu estar sentado na cadeira de governador e ser o condutor do processo. Os nomes que estão colocados, todos eles estão à altura de serem apresentados aos aliados e à sociedade baiana e realmente eu quero ver se agora, até o dia 15 de novembro, eu posso bater esse martelo, senão começa a ficar um processo meio angustiante e acaba não ajudando, acaba desgastando. Os próprios aliados gostando desse ou daquele nome prefere que se saiba logo para que eles próprios comecem a trabalhar. A verdade é que nós não temos nenhum nome pronto. Não tem nenhum nome que você diga “esse aqui é pule de 10”. Todo mundo, como eu próprio, vai ser construído nessa caminhada. Então, é bom a gente definir logo para que essa caminhada continue. O meu sentimento é que há um reconhecimento dos aliados na questão da legitimidade da liderança da cabeça de chapa ser do PT. Eu sinto uma maturidade interna no PT e cada um tem a sua torcida, eu acho isso absolutamente natural, cada um tem que ficar nesse ou naquele nome, com mais força ou até porque é mais próximo desse ou daquele grupo, mas eu sinto uma maturidade muito grande dentro do PT de todo mundo entender que é fundamental que a gente tire um nome do processo de unidade, todo mundo cúmplice desse processo. E dos aliados eu sinto que há um reconhecimento de que o PT tem legitimidade e nomes para puxar a cabeça de chapa.

Tribuna – Qual será o critério para definir e indicar o candidato para a sucessão do senhor?
Wagner
 – Eu posso dizer qual não vai ser o critério. O critério não vai ser de pesquisa. Primeiro porque eu acho que pesquisa a essa altura de distância do evento, que é em outubro, 06 de outubro, para mim pode ser um indicativo. Eu não desprezo pesquisa, evidentemente, mas eu acho que toda a experiência recente que a gente tem, na minha eleição, na eleição da Dilma, dos prefeitos agora de 2012, não foi algo do tipo de que uma pesquisa de um ano, de 11 meses antes, pudesse ser o prognóstico correto. Eu cada vez me convenço mais que a população se interessa pela eleição 60 ou 90 dias antes. Então, a pesquisa pode ser um indicativo, mas ela não é para mim a preponderante. Aí o resto é ver como a gente garante, com um nome competitivo. Todos esses que estão colocados, você evidentemente vai identificar pontos fortes e pontos mais vulneráveis. Não tem ninguém que seja só ponto forte. É uma análise que todo mundo está fazendo, eu estou dialogando, óbvio que tem uma taxa de subjetividade, sempre terá, não só da parte do governador, mas da parte de qualquer um. Por mais que você diga que o critério é objetivo, todos nós somos seres humanos e é evidente que sempre tem um grau de subjetividade, que faz parte também, mas eu procuro sempre colocar as coisas num lado mais objetivo, até para que as pessoas compreendam as escolhas e a gente possa tocar a vida.

Tribuna – Rui Costa é o favorito do senhor?
Wagner 
– É que Rui Costa talvez, dos nomes que estão colocados aí, é a pessoa com quem eu tenho maior tempo de relação. É nesse sentido que as pessoas identificam. Mas tenho uma relação excepcional com (Luiz) Caetano, com (José Sérgio) Gabrielli, com (Walter) Pinheiro, então não tem nenhum problema. O pessoal fala de Rui porque está há mais tempo no time, desde o Sindiquímica, desde o Polo Petroquímico, me ajudou como articulador político no primeiro governo e está me ajudando agora, tocando as questões da execução. Efetivamente, é um nome, como todos. Pinheiro já foi secretário do Planejamento e teve um desempenho bom, Gabrielli carrega a qualidade de ter gerenciado uma empresa do porte da Petrobras. Caetano tem a favor a experiência que teve no Polo Petroquímico. Então, repare, você vai achar defeitos e qualidades em todo mundo e vai ter uma hora, óbvio, que eu tenho conversado com a presidenta Dilma e com o ex-presidente Lula, a gente não faz as coisas desconectado deles, mas eu quero ver se dá até essa semana – eu tive um probleminha com essa viagem, depois tive que ir ao Rio por uma questão mais familiar – para começar a conversar com os quatro para ver se a gente pode bater o martelo. Mas eu estou sentindo que as pessoas sabem que é importante ter um caminho de unidade dentro do partido.

Tribuna – O presidente do PP, Mário Negromonte, disse recentemente que o senhor já havia definido a composição da chapa. Tem fundamento essa declaração?
Wagner 
– Não posso ter definido a chapa como um todo porque sequer a cabeça de chapa está definida, a não ser que seja do PT. Evidente que se você for fazer uma escolha por dimensão de cada partido, os três maiores partidos são PT, PSD e PP. Nesse sentido, se for essa a única lógica do jogo da montagem da chapa, poderia dizer que está bom. Se é por tamanho, são os três maiores partidos, então estaria montada por, assim dizer, a chapa. Mas eu acho que ainda tem muita água para rolar debaixo desse caminho. Todo movimento nosso aqui vai depender também do movimento em nível nacional. Os partidos ainda não têm a definição em nível nacional, então querer precipitar essa questão… É óbvio que o que o Mário falou não está desprovido, é uma referência dizer: “qual é a referência?”, “pelo tamanho dos aliados”. Então são esses três maiores, depois viria o PDT. O PDT reivindica porque tem o senador João Durval, que é senador e foi parte da majoritária em 2006. O PP também reivindica.

Tribuna – Então como acomodar os quatro partidos da base (PT, PDT, PSD e PP), numa chapa que só tem espaço para três?
Wagner 
– Por isso que eu digo que a gente tem que conversar muito para, na hora que tomar uma solução, uma decisão, pelo menos alguém não vai gostar, mas as pessoas podem entender como é que isso foi escolhido. Aí é o ofício da política e aí a obrigação é minha, como coordenador, de conversar com todo mundo. Primeiro porque eu acho legítimo ter pretensão em política. Quem disser que está na política e não tem pretensão, para mim está mentindo. É lógico que o PDT quer estar, o PP quer estar, o PCdoB quer estar, vários partidos querem, o PSD quer estar. Todo mundo tem pretensão na política e eu acho natural. Tem o jogo do PSB, que a gente não sabe exatamente como vai desenrolar, como é que o PSB daqui vai se comportar.

Tribuna – A candidatura da senadora Lídice da Mata é irreversível? Acredita que isso possa atrapalhar o candidato do senhor?
Wagner
 – Eu acho que a gente tem que se preparar para ter uma chapa mais competitiva. Não dá para a gente ficar organizando o jogo de acordo com o nosso interesse porque a vida real não é assim. Eu trabalhei muito para que Eduardo Campos estivesse com a gente. Tudo indica que está praticamente irreversível a candidatura dele ou da Marina (Silva). Não sei porque essa decisão não é minha, é dele. Isso acontecendo, evidente que ele vai querer ter um palanque aqui no estado. Se esse palanque vai ser de Lídice ou se ele vai fazer algum acordo com algum outro candidato, evidentemente, envolvendo o PSB daqui, para que isso seja, eu não sei qual é o jogo. Por isso, para mim, não dá para fazer prognósticos, porque não sou só eu que me movimento, os outros também estão se movimentando. Eu, pessoalmente, acho – eu sempre digo isso ao nosso time – que a gente tem que montar a chapa mais competitiva, ter um bom palanque, um bom programa de governo, que passa pela continuidade de algumas coisas e uma renovação de outras. São oito anos de governo, óbvio que algumas coisas que nós vamos revisitando e vendo que precisa mudar. Estou longe de querer uma cópia minha a partir de 2015. Minha cabeça funciona diferente. Acho que quem sentar na cadeira vai ter que ser mais do que eu, porque senão não tem graça. Não quero. As pessoas podem ter saudade de mim por aquilo que foi feito, mas não porque o próximo governo, sendo do nosso grupo, a pessoa me supere, do ponto de vista de mais realização, de inovação na burocracia, na gestão. Eu não tenho dúvida que tem muita coisa que a gente fez – agora não tem tempo de inventar mais nada. Você falou um ano, mas ano que vem é um ano comprometido. A partir de junho todo mundo só respira eleição, vai continuar o que está acontecendo. Lídice vai ser candidata? Vai fazer coligação com alguém? É outro candidato e eles apoiam em troca do apoio à chapa do PSB nacional? É Aécio (Neves) mesmo? Vai ser (José) Serra? Como é que aqui vai fazer? O DEM em nível nacional vai estar na chapa? Vai se ocupar mais de fazer deputados federais? Eu não sei como é que vai ser o jogo, porque tem muita coisa ainda. Eu acho que o melhor que a gente pode fazer agora é cuidar de montar um bom palanque, um bom time, acelerar as obras que estão em curso para poder ter um volume de entrega, o maior possível até o ano que vem. Óbvio que a gente não vai ser julgado por este ano, a gente vai ser julgado por quatro, por oito anos de governo. E aí eu estou bem à vontade porque, em qualquer setor que você quiser, do social, da atração de empresas, de melhoria da performance do estado, nós vamos, com certeza, ter um número grande para apresentar. Água, saneamento, estrada, hospital, escola, universidade… tudo que você quiser, a gente compara, reconhecendo que pegamos um período superduro – que foi a crise financeira no mundo –, pegamos uma seca que maltratou muito a nossa gente, a nossa economia; a gente, no ano passado, cresceu 3,1% contra 0,9% da média nacional. No último ano, de junho a junho, o aumento da produção industrial brasileira foi de 0,2%, o da Bahia foi 30 vezes maior, 5,9%. Eu acho talvez que falte a gente bater mais bumbo de tudo que a gente fez. Eu prefiro não citar o nome, mas, por exemplo, nessa viagem à Alemanha tinha um brasileiro que já foi da política aqui, que me disse: “olha, governador, o caboclo pode gostar ou não gostar do senhor, agora, dos últimos tempos para cá, ninguém fez tanta intervenção positiva, mudando a cara da Bahia, como o senhor fez”. Nós trouxemos indústria eólica inteira pra cá, fizemos 7.200 km de estadas, casas populares, adutoras, 500 e tantas mil ligações do Luz Para Todos. Eu acho que a gente tem números. É óbvio que, nesse momento, toda a classe política está sendo olhada com uma certa desconfiança pelo povo. Todo mundo que está sentado na cadeira, prefeito, governador, presidente da República, em função de tudo que aconteceu em junho e julho, ainda há toda uma perplexidade e todo mundo tem um pouco que olha para o político com certa desconfiança. Eu, como acho que a gente tem que melhorar a política, creio que quando chegar no momento da campanha, querendo ou não, a população vai olhar. E quando ela começa a olhar, ela vai pensar o que é que esse grupo político fez. Aí, por isso que estou lhe falando, no momento da campanha, talvez vai ficar mais evidente do que agora, o conjunto de transformações que a gente fez. Desde o jeito de fazer política, desde a relação entre o público, entre o governo e a sociedade civil, sejam empresários, sejam trabalhadores. Eu não tenho dúvida que isso tudo brota e é evidente o reconhecimento aí.

Tribuna – O senhor provavelmente terá dois candidatos dentro da base, Lídice da Mata e o candidato do senhor?
Wagner 
– Só para ter claro, Lídice é da base, mas no momento que ela sair candidata com uma candidatura nacional outra, não são duas candidaturas da base. Até porque eu não vou fazer nenhum tipo de palanque duplo. Vou fazer a campanha da Dilma. Minha relação com ela é excepcional, tanto que, ao contrário do que muita gente achava, ninguém foi pra cima do PSB ou para cima do grupo dela pressionar, ela própria é a maior testemunha disso. Em nenhum momento eu cheguei para ela e disse “tem que sair” ou “tem que isso, tem que aquilo”. Eu acho que jogo tem que ser jogado e eu não sei o que é que vai acontecer no jogo nacional. Nós não pressionamos o PSB. Agora, é claro, no momento em que ela define a candidatura dela, não tem briga comigo, mas tem uma divergência, porque eu vou estar numa linha correndo Dilma e não contra o candidato A, B ou C. Mas em defesa do candidato dela. Ela não vai estar num palanque defendendo Dilma, ela vai estar defendendo um candidato do partido dela, o Eduardo. Nesse sentido, não serão dois candidatos da base. Você pode dizer que são dois candidatos com quem eu tenha alinhamento político. Ela provavelmente não vai fazer campanha de oposição ao meu governo, ela vai fazer campanha em defesa do nome dela, só para ser diferente. Porque alguém pode puxar de novo aquela história que eu tive três candidatos à prefeitura. Uma coisa é o governador ter, ao nível de município, três candidatos que disputam lhe apoiando. Mas é diferente, porque aí poderia ser a mesma presidente da República tendo dois candidatos ao governo estadual que estaria apoiando ela. Não seria o caso aqui. E, portanto, não é o caso de um palanque apoiar dois presidentes. Aí vai ter uma separação. Não vai ter uma briga, mas vai ter uma separação. Ela vai fazer, se ela for candidata, a campanha que ela entender. Se for do PSB, evidentemente que eu acho que é ela. Agora eu não sei qual é a composição. Eduardo vai também tentar fazer composição, e na hora que você faz composição as pessoas pedem reciprocidade.

Tribuna – Com as últimas re-arrumações partidárias, a oposição se robusteceu na Bahia. Como o senhor vê esse cenário? Ameaça os planos do senhor de fazer o sucessor com a definição de ter uma candidatura única da oposição?
Wagner 
– Eu acho que, por enquanto, não está jogado o jogo das oposições. Evidente que tem as declarações de que vão sair unidos, acho que a tendência é essa. Não que necessariamente essa tendência é mais difícil para a gente. Eu vou dar um exemplo. Quando eu fui candidato em 2006, a gente buscou muito estimular outras candidaturas, porque qual era a lógica? A dificuldade era chegar ao segundo turno, porque em 2002 a gente não tinha chegado. O que é que a gente fez? Tentou estimular outras candidaturas. No final, eu ganhei no primeiro turno. Então todas as candidaturas que eu estimulei para me ajudar a chegar ao segundo turno, se tivesse dado segundo turno, teriam ajudado Paulo Souto, porque ele que ficou atrás. Na campanha passada saíram Paulo Souto e Geddel (Vieira Lima). Foi melhor ou foi pior? Se fosse sozinho seria a soma dos dois maior ou menor do que a soma dos dois? Não tem essa equação antes da hora, por isso que eu te falo. Se eles saírem unidos, como uma decisão deles, é uma decisão importante deles. Mas isso não quer dizer que necessariamente seja mais fácil ou mais difícil. O que passa na cabeça do eleitor na hora de escolher não é o que passa na cabeça do político na hora que ele monta a chapa. Se a gente soubesse exatamente o que é que pensa o povo, ou o que é que o povo vai usar como critério na escolha do seu candidato da eleição, aí todo mundo acertava. O que é desafiador e ao mesmo tempo estimulante na política é que você às vezes bate e a leitura que o povo faz é o contrário, contra. Então, eu prefiro esperar o que é que eles vão fazer. Eu não sei o que eles vão fazer, como é que eles vão, quem é o nome que vem de lá pra cá, eu acho que qualquer nome a gente tem que ter respeito, porque, para mim, com eleição não se brinca, você joga até o último momento. “Ah, se for separado é mais fácil”. “Ah, se for junto é mais difícil”. Eu não trabalho com esses conceitos. Eu acho que você tem que jogar o melhor jogo possível para ganhar. Se ganhar no primeiro turno, ótimo. A gente tem que fazer conta de ganhar. Como a eleição é de dois turnos, eu acho que o planejamento é fazer eleição de dois turnos. O primeiro turno é um acidente positivo de percurso. Eu não faço planejamento para ganhar eleição no primeiro turno, porque eu acho que é uma pressuposição errada e que pode passar até alguma arrogância para a população. Para mim não tem esse negócio de eleição no primeiro turno. Eleição é em dois turnos. Então ela acontece em dois turnos. Se acontecer no primeiro turno, então amém. Facilita. Eu não sei que jogo eles vão jogar. Vão apoiar o PMDB? Vão apoiar o candidato do DEM? O candidato do PSDB? Eu digo sempre assim: as dificuldades que nós temos do nosso lado seguramente são dificuldades que estão do lado de lá. As pessoas as vezes exasperam muito. “Pô, tem quatro candidatos e não escolheu nenhum”. Claro que a gente tem uma porção de candidatos e não escolheu nenhum. Lá também tem uma porção de candidatos e não escolheu nenhum. Ainda estão tateando. Então, tudo o que você tem de dificuldade do seu lado, você tem do lado de lá. O que eu acho é que a gente realmente tem um serviço prestado ao estado da Bahia nesses praticamente oito anos daqui até lá que a gente vai mostrar isso. E, na minha opinião, com muita humildade, isso é parte do que o candidato vai ter que fazer, mostrar o que quer fazer, de continuar e de renovar.

Tribuna – Pode ser colocado como uma falha do senhor não ter construído um sucessor natural?
Wagner 
– É que isso não se faz fora do tempo de eleição. Esse é que é o problema. Vou lhe dar um exemplo. O Fernando Haddad (São Paulo) estava construído para ser prefeito? O prefeito atual de Fortaleza e o prefeito atual de Recife estavam construídos? A Dilma estava construída? É o que estou falando para as pessoas – e as vezes eu até hesito em repetir isso, porque fica parecendo que eu quero enganar –, mas a história se repete tanto que eu não entendo como é que as pessoas ainda não se convenceram. Tinha Celso Russomano pipocando, não foi nem para o segundo turno. Aqui, em 2008, tinha ACM Neto e (Antonio) Imbassahy pipocando. Nenhum dos dois foi para o segundo turno. Fernando Haddad não existia em São Paulo e ganha uma eleição. O prefeito de Recife foi colocado na boca. Teve aquela confusão toda com o PT, quem é candidato, quem não é candidato. Em tese, era candidato do PT, acabou virando Humberto (Costa), acabou não virando Humberto. Aquela confusão toda que cada um que avalie de quem é a culpa. O de Fortaleza. Não é porque é impossível preparar. É porque só cria o ambiente, a fruta só dá no tempo. E a verdade é essa. Tudo bem, nós estamos a um ano da eleição. Então estamos no processo de preparação. Agora o cara achar que quatro anos antes você vai pegar alguém e vai…

Tribuna – A crise financeira que atinge o estado preocupa. Com o contingenciamento de R$ 350 milhões anunciado, já é possível perceber os resultados?
Wagner 
– Eu acho que hoje a gente já tem um diagnóstico melhor e já tem ferramentas pensadas pra gente daqui até a virada do ano ter um equilíbrio melhor e superar. Só que eu primeiro queria registrar o seguinte. Esse problema, eu não chamaria nem de crise, esse aperto financeiro real é um aperto que está em todos os estados. Não é um aperto baiano. Se você perguntar, pelo menos 80% dos governadores com que eu converso, todos estão com muito aperto de caixa. Porque a receita não caiu. Não é que é menor que a do ano passado. Mas é menor do que a projetada para este ano. Talvez, se a gente tivesse tido um erro, é porque a gente ficou até junho achando que poderia ter uma melhora. Poderíamos ter feito esse aperto desde o começo do ano, então você talvez tivesse uma diluição melhor desse aperto, por isso ele foi tão sentido, porque ele teve que ser aplicado em quatro meses. Então, o aperto é maior. Mas a gente já tem uma série de ferramentas que a gente está usando, tem aí o Refis, tem uma série de questões que nós estamos preparando e eu acredito e tenho convicção que a gente chega no ano que vem numa situação bem mais tranquila. Só queria registrar, até porque muita gente trabalha só nos defeitos, sem querer botar a culpa para trás, que o aperto que a gente tem hoje é a minha conta de previdência. De novo, não quero culpar ninguém. Mas aqui nesse estado, o que estou fazendo para funcionários novos, nós estamos fazendo para Previ, que é exatamente o fundo para garantir quando o cara for se aposentar. O estado está aposentando mais gente do que aposentava antes, eu tenho que contratar e fiz muito concurso público para poder suprir, nós estamos ampliando a oferta de serviços em segurança, em saúde, em educação. E a minha conta maior hoje e que inviabiliza investimentos é a minha conta previdência. Não é culpa do funcionário. É culpa que o estado nunca se preocupou em fazer um fundo. Não tem como. As pessoas vão se aposentar ou você tem um fundo para isso ou você vai tirar da sua fonte 00. Este ano, para quem anda fazendo crítica de que o governo isso ou aquilo, não tem nada de descontrole. Nós fizemos conscientemente a ampliação da área de serviços. Cinco hospitais, uma série de serviços na área social, na área de educação. Evidente que fazer mais na área de segurança custa mais dinheiro. Contratar 12 mil policiais novos ao mesmo tempo que cinco ou seis mil aposentaram e continuam na nossa conta, como não havia fundo, este ano eu tenho que botar R$ 2 bilhões para fechar a conta da previdência. É um aperto exatamente desse tamanho.

Tribuna – O que fazer para modificar essa situação?
Wagner 
– Eu tenho conversado muito com o governo federal. Eu acho que todos os estados, uns mais e outros menos, têm que fazer essa conta. Talvez o Rio de Janeiro esteja numa situação melhor porque como eles têm uma conta petróleo muito gorda, ele fez um provisionamento em cima dos royalties exatamente para bancar a questão da previdência. Nós aqui é que não fizemos. É para fazer agora. A conta principal nossa é previdência, a médio e longo prazo, esse problema vai virar um problema nacional, porque todo mundo, a depender da idade, tem alguns estados muito mais novos, Tocantins, Mato Grosso do Sul, estados que foram formados mais recentemente não tem nem gente se aposentando eventualmente. Mas para gente, tem gente aposentando e quem banca aposentadoria do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do Ministério Público é o Executivo. A minha conta não é só a conta do Executivo. A gente tem feito um rastreamento para ver se tem aposentadorias que sejam fora do padrão, a gente faz sempre, a limpeza que a gente chama, de vistoriar tanto a folha de pagamento quanto a previdência, mas é uma coisa sobre a qual você não tem muita incidência. Quem se aposentou tem seu salário garantido pelo seu tempo de aposentadoria e ponto. Eu digo que a médio e longo prazo isso vai ser uma questão que vai ser nacionalizada. Na minha opinião, nós vamos ter que saber como é que securitiza. Se as previdências estaduais começarem a ter problema e a quebrar, como é que fica? É um problema nacional. Eu acho que essa é uma preocupação dos governadores, todo mundo tem essa preocupação, que as pessoas estão vivendo mais tempo. Essa é uma coisa que está acontecendo hoje na Europa, essa que é a verdade. Só para dizer, se eu tivesse um fundo garantidor da previdência, eu estava com R$ 2 bilhões liberados para fazer investimento, então eu estaria com zero de problemas financeiros. Só para saber onde é que estão as coisas. Tem uma porrada de gente que fica…

Tribuna – Acredita que terá problema com o pedido de suplementação feito pela Assembleia Legislativa? Marcelo Nilo disse que o senhor vai enviar os valores solicitados, algo em torno de R$25 milhões. Existe essa garantia?
Wagner 
– Tem. Isso está equacionado.

Tribuna – A Secretaria de Relações Internacionais já foi extinta. Existe a expectativa de fundir ou extinguir novas pastas? Quais e quando?
Wagner 
– Isso é mais próprio para um próximo governo. Agora, a gente, como se diz, está praticamente, a partir de dezembro, com afastamento de quem é candidato, vivendo a eleição. Posso até querer fazer, mas não tem nada planejado nesse sentido. Eu acho que esse é um trabalho muito mais para a transição. Só para deixar claro também. Não quer dizer que necessariamente quando você extingue uma pasta – o Brasil tem a mania de se fazer alguns mitos. Eu acho que você tem sempre que otimizar a sua atividade. Então a gente tem buscado isso, de melhorar a performance do estado. Ter ou não ter uma determinada secretaria é você querer dar foco num determinado tema. Nós vivemos numa terra que é diferente das outras, por exemplo, na questão racial, na questão de gênero. Nós ainda temos um número de violência contra a mulher na Bahia muito grande. Porque quando se fala em extinguir, sempre se fala em extinguir aquelas pastas que são mais vinculadas a temas que são a cara do PT. Então, eu não acho que seja por aí. São secretarias que não têm um orçamento e que não são tão gigantescas assim para significar. Senão fica aquele discurso de tudo que é custeio é ruim. Eu gosto de voltar a dizer, custeio é policial na rua, é gasolina no carro do policial, é armamento, é médico no hospital, é medicamento no hospital. Isso que é custeio. As pessoas falam de custeio como se necessariamente tudo que é custeio fosse dinheiro jogado fora. Não. Custeio é o atendimento da população.

Tribuna – O prazo de desincompatibilização vai até abril, mas o senhor deve fazer mudanças no governo em dezembro. Como pretende eliminar os conflitos com a própria base, insatisfeita com os gestores-candidatos?
Wagner 
– A própria saída em dezembro já é para ir ao encontro desse mal-estar que existe e é normal. Vai ter eleição, todo mundo vê um adversário na esquina. Vê um inimigo na esquina. Parou para conversar com um prefeito, o cidadão já acha que você está tomando. Então, eu vou ter que trabalhar, com ajuda também dos partidos, porque os partidos vão ter que ajudar, que aquilo que o partido A reclama do B, ou quando eu vou conversar com o B, o B reclama do A. É a vida. Todo mundo está com a mesma preocupação, fazer o maior número de deputados federais e estaduais e eleger a chapa majoritária. Então, um ou outro que está se excedendo a gente chama, corrige e a saída em dezembro é até para distencionar um pouco essa questão. Mas essa saída ninguém vai fazer uma grande mudança porque sai na tentativa de dar continuidade ao trabalho que está sendo feito.

Tribuna – Acredita que além do metrô, que teve a PPP assinada essa semana, os projetos anunciados pela presidente Dilma sairão do papel ainda na sua gestão?
Wagner
 – Todos vão começar dentro da nossa gestão. Aí eu não tenho isso na cabeça. O Imbuí vai sair. A Avenida Pinto de Aguiar vai sair. Parte do metrô vai começar ainda dentro da gestão, até dezembro de 2014, o VLT, pelo menos a modificação até Paripe e aquela estação logo depois de Paripe, e o Terminal da França eu acredito que é possível sair. A Via Expressa a gente vai estar entregando agora, que vai ser uma alavancagem muito grande, do ponto de vista do tráfego. As pessoas ainda não se deram conta, mas nós estamos fazendo um desvio de rota que vai desafogar muito o Bonocô e o Iguatemi. Você imagina que o cara está no Comércio, não anda nada do miolo da cidade para sair na Paralela. É uma mudança substantiva isso aí. Quem vem da Suburbana, entra no viaduto e vai sair no Acesso Norte, do Acesso Norte entra na Luís Eduardo Magalhães, sai na Paralela e vai embora. Sai de toda a confusão de Bonocô e de Iguatemi. Isso aí, quando a gente entregar, vai depender da agenda da presidenta, você vai ver a diferença que vai dar para o Bonocô. Imagina quem vem de Lobato, de Periperi, que tinha que fazer uma volta danada. Na hora que ficar pronto Alto do Cabrito – Pirajá, todo o fluxo que vem de pessoas da Suburbana, que é Calçada, Comércio, Bonocô, Vale de Nazaré, o caboclo entra no metrô e se distribui pela cidade. Óbvio que estou falando isso para 2015, mas algumas coisas já vão começar a acontecer. Parte do que ela anunciou, eu acho que pode ficar pronto, mas não é tudo. As pessoas vão ver as obras acontecerem. A do metrô, assinada agora, ele vai começar logo.

Tribuna – Vai finalizar, o senhor cogita sair para deputado federal, tem alguma estratégia no meio do caminho?
Wagner –
 Por enquanto, traçado não.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *