Eles têm força para derrubar o governo

Caminhoneiros mandaram dizer à Petrobrás que ela pode muito, mas não pode tudo

O Brasil convive há cinco dias com uma paralisação de caminhoneiros. Mas dificilmente ela irá além deste final de semana. O governo não aguenta conviver por muito tempo com esta paralisação. Por isso, ou arranja uma saída para a greve ou será derrubado não por um golpe militar como o de 64 e sim pelo povo nas ruas como ocorreu com Dilma em 2016. Os caminhoneiros não aceitam mais a política de preços da Petrobrás, que pode até ser boa para a empresa mas é péssima para eles, que ainda sofrem os efeitos da recessão.

Daí terem cruzado os braços no início desta semana para exigir do governo a retirada de tributos federais que incidem sobre o preço do diesel. Isto obrigou Temer a convencer o até então inflexível presidente da estatal, Pedro Parente, a rever a política de reajustes da empresa, ainda que momentaneamente, e o presidente do Senado, Eunício Oliveira, a realizar uma sessão extra nesta sexta-feira para aprovar matéria que lhe dará os meios para atender aos pleitos da categoria. Há de se convir que ou o presidente faria isto ou corria o risco de ser escorraçado do Palácio do Planalto. Afinal, alguém acredita que numa democracia um governo consegue sustentar-se com aviões na pista dos aeroportos sem poder decolar por falta de combustível, postos de gasolina sem o produto para vender, rodovias federais bloqueadas, ônibus sem poder circular por falta de diesel, hospitais sem oxigênio e ameaça de desabastecimento? Greve de caminhoneiros num país em que 90% de suas cargas são transportadas por rodovias era para estar sempre nas previsões do governo federal. Mas nem disto o seu serviço de inteligência (Abin) foi capaz.

Exemplos

A greve de trabalhadores do transporte municipal em Berlim em novembro de 1932, foi decisiva para a vitória do NSDAP – Partido Nazista, nas eleições que deram a Chancelaria/1° Ministro da Alemanha a Hitler.

A Greve dos caminhoneiros chilenos, em 1973, foi decisiva para o Golpe Militar contra o Governo Socialista de Allende.

No Brasil, com 4 dias de paralisação, o país quase parou deixando o governo sufocado. Mas de 70% dos caminhoneiros são empregados de empresas privadas, muitas delas ligadas a políticos a exemplo do deputado joão Goalberto (PSD-BA) que tem uma frota com mais de 200 caminhões. Neste caso, os empregados são obrigados a fazerem o protesto a mando dos patrões, caso contrário são demitidos. Já os outros caminhoneiro avulsos sabem onde pesa no bolso a responsabilidade, e muitos deles são obrigados a cumprirem data e horário de entregas.

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