A perícia feita pela Polícia Federal no sistema de informática usado pela construtora Odebrecht para registrar pagamento de propina e caixa dois identificou cerca de 2.000 codinomes de beneficiários, incluindo agentes públicos.
A análise sobre os dois sistemas da construtora, Drousys e MyWebDay, é realizada na Operação Lava Jato por 11 peritos do Setor Técnico-Científico da Superintendência da PF em Curitiba e já identificou pagamentos relativos a mais de cem obras públicas em mais de dez países além do Brasil. Os pagamentos estão registrados em 1,9 milhão de arquivos com um total de 54 terabytes.
O balanço foi apresentado pelos peritos Ricardo Hurtado e Rodrigo Lange em congresso organizado pela APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais), em Foz do Iguaçu (PR) na semana passada.
Os peritos afirmaram que só tiveram acesso aos sistemas no final do ano passado. Até então, os dados estavam sob custódia da Procuradoria-Geral da República.
Em decisão provocada por petições da defesa do ex-presidente Lula, que queria ter acesso integral aos sistemas, o juiz Sergio Moro decidiu que a PF deveria periciar o material. Ele ordenou que os arquivos fossem periciados em uma “sala reservada, com mecanismos de segurança e controle de acesso”.
A PF criou ambiente monitorado por circuito interno de vídeo, com porta blindada e barras de ferro nas janelas, no qual podem entrar apenas os peritos credenciados. O juiz solicitou que fosse entregue uma lista de autorizados a entrar na sala.
A perícia mostrou que os pagamentos eram feitos quase sempre em dinheiro após uma complexa rede de mensagens que envolvia 54 máquinas virtuais em pelo menos três países: Brasil, Suíça e Suécia.
Até o momento quatro laudos foram elaborados a pedido do STF sobre parlamentares com foro especial, em processos sob sigilo, e dois a pedido de Moro, em casos que envolvem Lula. Outros laudos estão sendo produzidos.
O repórter da Folhapress viajou a convite da APCF.