A descoberta de gravações em rocha que teriam sido feitas há dezenas de milhares de anos no Estado de Maharashtra, no oeste da Índia, foi celebrada por arqueólogos, que acreditam que elas podem conter pistas de uma civilização perdida.
As gravuras, conhecidas como petróglifos, foram achadas aos milhares nos topos rochosos e planos de morros na região de Konkan.
A maioria estava oculta sob camadas de terra e lama, mas algumas estavam a céu aberto, e eram consideradas sagradas e reverenciadas pela população local.
A grande variedade de gravações impressionou especialistas. Há figuras de pássaros e outros animais, de humanos e desenhos geométricos.
Pela forma como os petróglifos foram feitos e sua similaridade com outros encontrados em diferentes partes do mundo, acredita-se que eles tenham sido criados em tempos pré-históricos e estão entre os mais antigos já achados.
Estudantes ajudaram na busca por petróglifos
“Nossa primeira dedução a partir do exame destes petróglifos é que eles foram feitos em torno de 10.000 a.C.”, disse o diretor do Departamento de Arqueologia do Estado de Maharashtra, Tejas Garge, à BBC.
A descoberta das gravuras foi feita por um grupo de exploradores liderado por Sudhir Risbood e Manoj Marathe, que começaram uma busca pelas imagens após observar algumas delas na região. Muitas estão em templos de vilarejos e fazem parte do folclore local.
“Andamos milhares de quilômetros. As pessoas começaram a mandar fotos para nós, e pedimos ajuda até mesmo das escolas para achá-las. Os estudantes perguntaram aos seus avós e a anciãos de seus vilarejos se eles conheciam outras imagens. Isso nos deu informações valiosas”, disse Risbood à BBC.
Foram achados petróglifos em 52 vilarejos e seus arredores. Mas em apenas cinco deles os moradores sabiam de sua existência.
Risbood e Marathe documentaram as gravuras e fizeram campanha para que autoridades se envolvam em seu estudo e preservação.
Imagens retratam pessoas, animais e caça, mas não agricultura
Garge disse que as imagens aparentemente foram feitas por uma comunidade de caçadores e coletores de alimentos que não tinham conhecimento sobre técnicas agrícolas.
“Não encontramos nenhuma imagem que retrate alguma forma de cultivo. Mas há imagens de caça e de animais. Então, esses homens conheciam animais terrestres e marítimos. Isso indica que dependiam da caça para obter comida.”
O pesquisador e historiador da arte Shrikant Pradhan, do Deccan College, na Índia, estudou os petróglifos e disse que a arte foi claramente inspirada por observações feitas na época.
“A maioria dos petróglifos mostra animais familiares. Há imagens de tubarões e baleias, assim como anfíbios, como tartarugas”, acrescenta Garge.
Mas isso levanta uma questão: por que as gravações retratam animais como hipopótamos e rinocerontes, que não existem nesta parte da Índia? Teriam seus autores migrado da África para a Índia? Ou estes animais podem ter vivido na Índia no passado?
O governo do Estado indiano criou um fundo de 240 milhões de rúpias (R$ 12,8 milhões) para novos estudos sobre 400 destes petróglifos na esperança de obter essas respostas.