A diversidade dos povos indígenas na América Latina

Madarejúwa Tenharim

Amazônia, fonte de diversidade

Segundo o “Atlas Sociolinguístico de Povos Indígenas na América Latina”, do Unicef, a Amazônia é a região de maior diversidade de povos nativos, com 316 grupos, dos quais 241 só no Brasil, seguido pela Colômbia (83), México (67) e Peru (43). Outras regiões ricas em diversidade indígena são a Mesoamérica, a Bacia do Orinoco, os Andes e o Chaco. A América Latina como um todo abarca 522 povos.

Quechua no Peru

Pluralidade de povos e línguas

Cinco povos agrupam vários milhões de representantes – Quechua (foto), Nahua, Aymara, Maya yucateco e Ki’che –, outros seis têm entre meio milhão e 1 milhão de membros – Mapuche, Maya q’eqchí, Kaqchikel, Mam, Mixteco e Otomí. Cerca de um quinto dos indígenas perdeu seu idioma nativo nas últimas décadas: de 313 línguas, 76% são faladas por menos de 10 mil pessoas.

povo Mapuche

Cada vez mais urbanos

Embora mais de 60% da população indígena do Brasil, Colômbia, Equador, Honduras e Panamá ainda viva em zonas rurais, mais de 40% da de El Salvador, México e Peru reside em áreas urbanas. No Chile (foto) e Venezuela, uma parcela superior a 60% dos nativos vive em cidades, dispondo de 1,5 vez mais acesso a eletricidade e 1,7 vez mais a água corrente do que a das zonas rurais.

Mujeres indígenas de México.

Convivendo com a pobreza

Segundo um informe do Banco Mundial, a pobreza afeta 43% dos lares indígenas – mais do que o dobro dos demais – e 24% vivem em condições de pobreza extrema – 2,7 vezes mais do que os não indígenas. Na Guatemala, em 2011 três de cada quatro habitantes de zonas de pobreza crônica pertenciam a um lar indígena.

Miembro da tribo Kayapó no Brasil

Brecha digital, exclusão social

Apesar da aparente familiaridade deste membro da tribo brasileira dos Kayapó com a tecnologia, ela não tem beneficiado os povos indígenas em geral. Na Bolívia, eles têm quatro vezes menos acesso à internet do que os demais; e no Equador, seis vezes menos. Além disso, o acesso dos nativos a computadores na Bolívia equivale à metade da dos não indígenas.

Eleição presidencial no México

Envolvidos na política

Muitos indígenas participam ativamente da vida política de suas comunidades, através de parlamentos locais ou nacionais, estaduais e municipais. Seus líderes ou estão integrados a partidos nacionais ou criaram suas próprias legendas políticas. Assim, existem partidos indígenas muito influentes sobretudo na Bolívia e no Equador, mas também na Venezuela, Colômbia e Nicarágua.

Brasilien Volkstamm Munduruku Tatoo (DW/N. Pontes)

Na mira da violência

Por outro lado, representantes de povos indígenas são vítimas de criminalização e hostilidades, sofrendo ameaças, violência e até homicídios por se posicionar contra a instalação de grandes infraestruturas em seu território. Na foto, membro dos Munduruku, no Pará, cujo território é ameaçado pelo extrativismo e por projetos hidrelétricos.

Aldeia indígena no Brasil

Figuras-chave na proteção do clima

O reconhecimento e proteção dos territórios indígenas é uma estratégia eficaz para evitar o desmatamento e combater a mudança climática global. Entre 2000 e 2012, o desflorestamento da Amazônia brasileira nas áreas sob proteção legal foi de 0,6%, contra 7% fora delas.

Los Waorani viven en la selva amazónica, en Ecuador.

Os grandes desconhecidos

Algumas comunidades indígenas seguem se negando a ter contato com o mundo exterior, vivem em áreas isoladas e usam lanças e dardos envenenados para caçar macacos e pássaros. Esse é o caso dos Huaorani, habitantes da selva amazônica do Equador. Nas últimas décadas, muitos deixaram de viver como caçadores para se assentar no Parque Nacional Yasuní.

Bildergalerie über die Matses im Amazonasgebiet (Christopher Pillitz)

Civilização fatal

Infelizmente, alguns dos que foram contatados sofreram consequências drásticas. Os Matsés ou Mayorunas, conhecidos como “povo do jaguar”, que vivem à margem do Rio Yaquerana, na fronteira entre o Brasil e o Peru, foram contatados pela primeira vez em 1969. A partir desse encontro, muitos morreram de enfermidades, como tuberculose e hepatite.

Autoria: Judit Alonso (av)

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