Cinco pessoas foram presas preventivamente na manhã desta sexta-feira no Crato, cidade na região do Cariri, Ceará, acusadas de estuprar sua sobrinha de 17 anos desde quando ela era uma criança.
Os mandados de prisão preventiva foram expedidos contra seis homens — cinco irmãos do pai da jovem, um irmão do avô dela —, mas um deles conseguiu fugir e está foragido.
De acordo com a delegada Kamila Brito, titular da Delegacia de Defesa da Mulher do Crato, o tio-avô da garota confessou ter praticado atos libidinosos que também envolveriam outras duas primas dela quando eram crianças. Os outro quatro presos negaram os crimes.
Os crimes teriam começado a ser praticados pelos tios, que moram em casas próximas, na zona rural da cidade, após a morte do pai da adolescente, quando ela tinha 7 anos. À delegada, ela afirmou ter tentado o suicídio ao longo dos anos.
A adolescente denunciou os abusos ao Disque Denúncia no fim de 2018. Ela também afirmou que sua mãe tinha conhecimento da situação ao menos desde 2016, quando as duas discutiram e ela contou à mãe que era vítima dos tios.
A denúncia deu origem a uma investigação em que inspetores policiais ouviram a vítima, sua mãe e duas primas da adolescente, que confirmaram terem sido abusadas pelo tio-avô.
Em seu depoimento, a adolescente — cuja identidade foi preservada por questões de segurança — afirmou que a constância dos abusos variava de acordo com o tio. Enquanto alguns teriam praticado os atos libidinosos uma única vez, outros teriam sido recorrentes. O último desses crimes teria acontecido em 2018.
O tio-avô da adolescente teria usado bonecas e outros apetrechos infantis para atrar ela e suas primas quando eram crianças.
— Segundo o depoimento da jovem, que recebeu respaldo das outras duas primas, elas eram atraídas para lugares desabitados e, em troca dos atos libidinosos, recebiam bonecas e outras coisas — disse Brito.
A jovem está sendo acompanhada pelo Centro de Referência da Mulher do Crato e pelo Conselho Tutelar, onde terá acesso a tratamento psicológico. A delegada afirma que ela terá o apoio necessário de agentes de serviço social inclusive para sair de onde mora, caso deseje.
— Nunca tinha visto uma denúncia parecida. Casos de estupro de jovens por pessoas próximas ou da família podem ser mais comuns do que imaginamos, mas algo do tipo, supostamente praticado por tantos parentes, é inédito por aqui.
Procurados, os representantes legais dos tios ainda não puderam ser contatados. A prisão preventiva está prevista para durar 30 dias, período no qual os acusados serão ouvidos.