Não existência de cinzas não prova a “não morte”

O advogado José Paulo Cavalcanti Filho, que integrou a Comissão Nacional da Verdade durante o governo de Dilma Rousseff, pede a palavra para alguns esclarecimentos sobre a morte do estudante pernambucano Fernando Santa Cruz, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1974, supostamente em decorrência de maus tratos de que teria sido vítima num dos aparelhos de repressão da ditadura militar. O advogado afirma que os membros da Comissão estiveram na Usina Cambahyba, no município de Campos, onde o corpo de Santa Cruz teria sido incinerado junto com os demais nove militantes de organizações de esquerda.

Foram feitos 118 furos no forno da Usina, em busca de algum resquício de DNA humano, mas nada de encontrou a esse respeito, o que não é prova, segundo José Paulo, de que não teria havido a incineração. A versão de que o estudante pernambucano teria tido o seu corpo incinerado naquele local foi contada pelo ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo, Carlos Guerra, no livro “Memórias de uma guerra suja”. Ele começou a atuar na repressão aos presos políticos do seu Estado, mas mostrou tanta frieza no trato com os adversários do regime que acabou sendo recrutado para atuar em nível nacional. Hoje, supostamente arrependido, virou pastor evangélico na capital do seu Estado.

Luta empedernida

Em busca de localização do corpo do filho, Fernando, sua genitora, Elzita Santa Cruz, sepultada ontem no cemitério Morada da Paz, bateu em todas as portas onde poderia receber informações. Enviou carta para o então presidente Geisel, para seu ministro da Justiça, Armando Falcão, para os arcebispos Dom Hélder Câmara e Dom Paulo Evaristo Arns (SP) e até para o Comitê Internacional de Anistia.

(Inaldo Sampaio)

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