Muito mais do que sono e sexo: 7 coisas que talvez você não saiba sobre a cama
Quando você está longe de casa há muito tempo, exausto, se sentindo desesperado ou extremamente excitado, nada melhor do que estar deitado em sua própria cama.
É onde dormimos, lemos, compartilhamos momentos íntimos e, geralmente, é a primeira compra importante que fazemos quando crescemos e saímos de casa.
Mas como a cama surgiu e o que esse objeto tão cotidiano pode nos dizer sobre nós mesmos? Katy Brand, da BBC, decidiu investigar.
1. Colchões da Idade da Pedra
Os colchões mais antigos encontrados são da Idade da Pedra, há 77 mil anos, diz o historiador britânico Greg Jenner. Nas cavernas da África do Sul, as pessoas dormiam em colchões tecidos à mão.
“As cavernas não eram muito confortáveis”, explica Jenner. Além disso, “havia insetos, bichos… era uma boa ideia evitar o chão”.
Como nossos ancestrais também comiam em seus colchões, eles ficavam gordurosos depois de um tempo e eram queimados. “Os arqueólogos encontraram várias camadas de cinzas”, diz o especialista.
Jenner também revela que as primeiras camas foram feitas de pedras empilhadas. Catalhoyuk, no que hoje é a Turquia, foi construída há 10 mil anos, durante o Neolítico, e é considerado a primeira cidade da história. Nela, havia plataformas elevadas usadas para dormir.
2. Os gregos e romanos comiam na cama
As camas gregas e romanas eram multifuncionais: serviam para dormir, mas também para refeições.
Então, da próxima vez que você levar alguns lanches para a cama, não se sinta culpado. Você está simplesmente seguindo os passos dos gregos e romanos antigos.
3. Para a família – e convidados
Na Europa medieval, a maioria das pessoas pobres dormia sobre palha e feno, mas os ricos começavam a desenvolver o que ficou conhecido como a “grande cama”.
Era “um móvel enorme”, como pode ser visto na imagem acima da Grande Cama de Ware, feita no Reino Unido durante a era elizabetana. Essas camas “eram tão grandes que você provavelmente poderia colocar um time inteiro de futebol nelas”, brinca Jenner.
Nas grandes camas medievais, dormia uma família inteira, mas não só: os convidados também estavam incluídos.
Embora parecessem muito sólidas, “elas eram projetadas para serem desmontadas e levadas para o próximo castelo”, diz o especialista, que explica que os ricos carregavam suas belas camas com eles quando íam para suas casas de campo.
4. Um novo símbolo de status
Nos anos 1400 e 1500, a cama de dossel entrou na moda.
“Eles tinham um toldo no topo e cortinas grossas com muitas almofadas, que quase as transformavam em pequenos teatros”, descreve o historiador.
Essas lindas camas eram uma maneira perfeita de demonstrar que se era rico, porque, entre outras coisas, seus donos “precisavam da ajuda dos criados para passar por suas elaboradas camadas de tecido”.
5. A cama costumava ser o centro da vida política
“O início do período moderno é famoso pelas camas de Estado”, diz o professor Sasha Handley, um especialista nesse período, que vai aproximadamente de 1500 a 1800.
“Dois dos monarcas mais proeminentes no desenvolvimento dessa cultura nas cortes foram Luís 14 da França, em Versalhes, e o rei Carlos 2º da Inglaterra, no final do século 17”, diz o especialista.
A cultura política barroca tinha em seu coração a teoria do “direito divino” da monarquia, isto é, afirmava que o poder havia sido concedido diretamente por Deus.
Por sua vez, o poder do Estado estava presente na pessoa física do rei e da rainha. Portanto, quanto mais perto você chegasse do monarca e de suas rotinas diárias íntimas, mais favorecido você era.
Em Versalhes, os membros da corte mais prestigiados eram convidados a observar o rei se levantar e se preparar para o dia.
6. Um bem valioso
No início do período moderno, as famílias investiram uma quantidade incrível de dinheiro, tempo e recursos em suas camas. Isso fez com que esses móveis fossem considerados um bem valioso.
Em seu testamento, o renomado dramaturgo e poeta inglês William Shakespeare (1564-1616) deixou sua famosa “segunda melhor cama” para sua esposa.
Embora possa parecer pouco generoso, a verdade é que, naquela época, os leitos eram considerados uma valiosa relíquia que deveria ser transmitida de geração em geração, em vez de ser deixada para o cônjuge sobrevivente.
Você está curioso para saber o que aconteceu com a “melhor cama” de Shakespeare? É muito provável que tenha sido exibida com destaque em outros lugares da casa, provavelmente em uma das salas abaixo.
Dependendo de quão importante uma pessoa era, suas camas poderiam ter entre um e seis colchões empilhados, e, normalmente, o móvel e seus tecidos representavam cerca de um terço dos seus bens.
É por isso que exibir sua “melhor cama” era uma maneira perfeita de mostrar a seus visitantes como você estava bem de vida.
7. As camas de ferro
Até o século 19, quase todos as camas, certamente na Europa e suas colônias, eram feitas de madeira.
Mas, na década de 1860, durante a era vitoriana, as pessoas começaram a se incomodar com germes, piolhos e insetos que haviam nas molduras das camas de madeira e as substituíram por modelos de ferro.
Essas novas camas eram mais fáceis de limpar e, portanto, mais higiênicas. Houve também uma mudança no design do colchão, quando surgiu o modelo de molas helicoidais.